por Bob Sharp  

Gasolina de aviação e óleo sintético


Parabéns pela excelência do site, conteúdo, linguagem e abrangência. Quais as diferenças entre as gasolinas Premium e a verde (que hoje é azul) de avião, no tocante a qualidade e contra-indicações a seu uso, inclusive em autos antigos, décadas de 60/70? A segunda consulta é com relação às diferenças entre óleos 100% sintéticos e os minerais de qualidade, se os sintéticos seriam "mais finos", e portanto implicariam em baixa da pressão do óleo com seu uso em autos antigos, e ainda se aumentariam o consumo (queima) em tais veículos.

Eduardo Azevedo
São Paulo, SP
e_azevedo@intercap.com.br

A Avgas, ou gasolina de aviação, possui algumas propriedades diferentes das usadas nos automóveis. Ela é menos volátil (portanto menos causadora de explosões) para eliminar qualquer possibilidade de bloqueio por vapor no sistema de alimentação, que num avião é fatal, pois o motor pára de funcionar.

Outra característica é conter chumbo tetraetila para elevar sua octanagem, o que a torna imprópria para uso em motores com catalisador no sistema de escapamento -- o componente pode se danificar em poucos quilômetros. A terceira característica é não conter álcool algum. Finalmente, seu poder calorífico é o mesmo de qualquer gasolina (sem álcool, naturalmente).

Sua octanagem corresponde a 100 RON, ficando o 130 RON (ela é descrita como 100/130) referência para condições de decolagem (potência máxima com mistura rica). Para efeito comparativo com a gasolina automobilística, considere-a com sendo de 100 octanas (a Premium dos postos tem 98, mas com 26% de álcool). Nos caminhões-tanque e tambores nos aeroportos lê-se Avgas 100/130.

Há vários anos existia a 80/87 e a 115/145, estas para os motores Wright turbocompostos (uma turbina acionada pelos gases de escapamento contribuía para a potência, além do efeito do compressor). Esse motores eram usados nos Lockheed Super H Constellation e Douglas DC-7C e ficaram conhecidos por ser muito sensíveis à detonação e quebrar muito.

À parte a questão do catalisador, a gasolina de aviação pode ser usada em qualquer motor calibrado para gasolina sem álcool, sem nenhum tipo de prejuízo. Nos autos antigos é até recomendada, pois o chumbo tetraetila age como lubrificante das sedes de válvulas. As sedes dos motores foram modificadas nos motores mais recentes para usar gasolina sem chumbo. E, por ser menos volátil, decompõe-se bem mais lentamente no tanque do veículo.

Quanto aos óleos, todo motor precisa de óleo fino na partida e no período de aquecimento, assegurando a melhor lubrificação possível de todo o motor. Só que os óleos minerais, por mais que sejam aditivados e modificados, apresentam acentuada queda de viscosidade à medida em que sua temperatura sobe (um pouco menos com os multiviscosos). É aí que entra o óleo sintético, pois é fino mas mantém viscosidade (e a pressão de trabalho) em temperaturas elevadas.

É recomendado para quem trafega horas a fio em velocidade máxima, como é comum na Alemanha e alguns países europeus como França e Itália, onde o limite de 130 km/h é mera referência. Para ter idéia de como são finos, nos óleos de competição, como os de um Fórmula 1, sua viscosidade é SAE 0,15 (isso mesmo: menos que 1), mais ou menos a viscosidade da Coca-Cola... Pode haver ligeiro aumento de consumo em relação aos óleos minerais, mas nada que preocupe.

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Data de publicação deste artigo: 14/5/02

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