A correia dentada de distribuição é responsável por
ligar o eixo-comando de válvulas ao virabrequim do motor,
sincronizando-os e fazendo com que as válvulas de admissão
e de escapamento se abram e fechem no momento exato.
Quando ela se parte, em geral por desgaste não
constatado pelo usuário, as válvulas se movimentam de
forma desordenada e, por inércia de funcionamento, os
pistões permanecem subindo e descendo por algum tempo. Nesse período,
de acordo com as características construtivas do motor
-- sendo a taxa de compressão um importante fator --,
pode ocorrer de pistões e válvulas se chocarem, com
grande possibilidade de empenamento das válvulas e de
danos às cabeças dos pistões.
A retífica superior, a que a oficina se refere, consiste
em substituir as válvulas danificadas e retificar sua
sede, ou seja, o local do cabeçote onde elas se alojam,
a fim de garantir correto assentamento e evitar a
passagem de óleo lubrificante para a câmara de combustão,
o que provocaria sua queima e consumo. Se o serviço for
bem feito e os pistões não estiverem danificados, o
motor deverá voltar a funcionar sem problemas.
Os motores Fiat da geração Fiasa, projetados pelo
engenheiro italiano Lampredi, que compreendem versões de
1.000, 1.050, 1.300 e 1.500 cm3 produzidas no Brasil (observe
que há outra versão 1.500 de origem argentina, similar
em arquitetura ao 1.600 ainda hoje utilizado), são
conhecidos por sua propensão à quebra da correia
dentada.
Isso ocorre porque o motor parece ter sido projetado para
"girar ao contrário": o tensor da correia fica
montado em seu ponto tenso, como se numa bicicleta com
marchas o tensor da corrente estivesse na parte superior
e não na inferior do sistema. Isso também impede
reajustes de tensão, sendo possível ajustar a correia
apenas uma vez, na montagem. O Teste do Leitor mostra que
problemas com esse componente ocorrem também em outros
motores da marca, sendo presumível uma qualidade
inadequada aos esforços sofridos pela correia.
Para prevenir o rompimento da correia dentada, verifique
suas condições e substitua-a nas quilometragens
recomendadas pelo fabricante -- em geral, por volta de 50.000 km -- ou
mesmo antes. É também um item importante a se avaliar ao
adquirir um carro usado.
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