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por Fabrício Samahá 

Álcool no motor a gasolina e
vice-versa: qual o maior risco?


É mais desgastante (vida útil e risco de quebra) um motor a álcool rodar com gasolina pura ou um a gasolina rodar com álcool puro? Esqueça as taxas de compressão diferentes, supondo que os dois estivessem com 9,5:1, e o consumo, que ficará maior.

Filipe Gonçalves da Mota Silva
Campos dos Goytacazes, RJ
filipe.goncalves@zipmail.com.br

Ambas as condições devem ser evitadas, Filipe, mas por motivos diversos. Álcool e gasolina diferem, basicamente, em dois fatores: a gasolina tem maior poder calorífico (gera mais energia na queima), mas oferece menor octanagem (entra em combustão mais facilmente, o que leva à detonação com taxa de compressão muito elevada) do que o álcool. Na verdade o álcool não possui octanas, mas é possível estabelecer um índice de comparação.

Com isso, o motor a álcool possui taxa de compressão maior (considerando motores com mesmo estágio evolutivo e sem sensor de detonação), mas trabalha com mistura ar-combustível mais rica (menos ar, mais combustível) que o propulsor a gasolina. Daí a dificuldade em desprezar a diferença de taxa, como o leitor sugere: não se conhece nenhum motor a álcool com apenas 9,5:1, enquanto motores a gasolina com taxa elevada (acima de 11:1) são poucos e, sem exceção, utilizam sensor de detonação -- que o álcool dispensa com essa taxa.

Ainda assim, apenas como referência, um motor a gasolina alimentado por injeção, com taxa de 9,5:1, tende a sofrer com a mistura muito pobre caso rode apenas com álcool. Esperam-se falhas de dirigibilidade, sobretudo em baixa rotação e com o motor frio. A partida a frio também é bastante prejudicada, já que a injeção dificilmente conseguirá enriquecer a mistura o bastante para essa condição; há ainda o problema da ausência do sistema de injeção de gasolina a frio, que todo carro a álcool ainda possui.

Já um motor a álcool com taxa de 9,5:1 poderia rodar com gasolina sem maiores problemas, a não ser que a injeção não conseguisse empobrecer a mistura o suficiente. Entretanto, como dissemos, essa taxa hipotética não corresponde à realidade. Com as taxas entre 11:1 e 13:1, normalmente usadas com álcool, esses motores apresentariam forte tendência à detonação, que pode danificar gravemente o motor.

Portanto, consideradas as taxas efetivamente utilizadas, o uso de gasolina no motor a álcool é mais perigoso que o contrário.

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Data de publicação deste artigo: 5/10/02

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