Longevidade nórdica

Espaçosos, robustos e confiáveis, os Volvos da série 200 mudaram
pouco em quase duas décadas e venderam mais de dois milhões

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

O 242 L de duas portas e o 244 DL de quatro portas: linhas sóbrias, interior espaçoso e confortável, construção robusta e muita segurança

Os motores de quatro cilindros tinham cilindradas de 2,0 e 2,1 litros, a tração era traseira e seus freios já usavam discos nas quatro rodas

Durante anos, os brasileiros conheceram automóveis importados dos Estados Unidos e da Europa, sendo que do Velho Continente vinham em sua maioria carros alemães, ingleses, italianos e franceses. Nesses países as indústrias de automóveis começaram suas atividades no fim do século XIX ou no princípio do XX. Poucos sabiam de duas empresas suecas que iniciaram sua atuação ainda antes da Segunda Guerra Mundial: a Volvo, em 1927, e a Saab, 10 anos depois.

Por nossas estradas, os caminhões Saab-Scania Vabis ficaram muito conhecidos. Já os carros suecos vinham para cá nas décadas de 1950 e 1960, mas em quantidade tímida. A Volvo, localizada em Göteborg, muito perto do estreito de Kattegat no Mar do Norte, produzia carros que ficaram famosos naquele período no mercado norte-americano, que não aceitava facilmente as marcas europeias — muitas delas o abandonaram, como Fiat, Alfa Romeo, Peugeot, Renault e Citroën.

O sisudo cupê PV444, lançado em 1947 e produzido até 1965, foi um caso de muito sucesso. Os fundadores da marca, Assar Thorvald Nathanael Gabrielsson e Erik Gustaf Larson, tinham orgulho dele. Em 1956 era apresentado o sedã de três volumes das séries 121, 122 e 123, também conhecido como Amazon. Sua carroceria era mais convencional que a do PV444 e isso contribuiu para seu sucesso. Quatro anos depois o cupê P1800 era lançado com linhas um pouco extravagantes. Também se tornou um ícone de valor. Em 1967 foi a vez da linha 140, com modelos de duas e quatro portas e também uma perua. Para a empresa sueca, que produzia bem menor quantidade que os quatro principais países europeus, seu êxito podia ser considerado excelente. A qualidade do produto era muito boa e garantia longevidade.

Na década de 1970, já era tempo de lutar por lugares mais altos em pódios que ela ainda não havia alcançado. Seria um carro maior para brigar com Citroën DS e Peugeot 504 na França, Ford Granada e Opel Rekord na Alemanha, Alfetta, Fiat 132 e Lancia Beta na Itália e com o Toyota Corona que vinha do Japão. Em setembro de 1974 era lançada a linha 200, natural sucessora da 140. O projeto esteve sob a batuta do nova-iorquino Jan Wilsgaard, que trabalhava na empresa sueca desde 1950 como chefe do departamento de Estilo. O sedã tinha linhas muito retas, três volumes e grande área envidraçada. Não havia quebra-ventos e todos os modelos recebiam retrovisores externos dos dois lados. As maçanetas eram embutidas — segurança era regra para quem estava dentro ou fora do novo automóvel.

Partia dos modelos mais simples 242 L, de duas portas, e 244 L, de quatro portas, que se distinguiam pela grade preta retangular com um friso cromado diagonal. Seus faróis eram circulares e os pára-choques cromados de tamanho avantajado. Quando exportado para os Estados Unidos eles cresciam ainda mais, para atender às normas locais de resistência a impactos de baixa velocidade — não poderiam se danificar a até 8 km/h. Atrás vinham lanternas quadradas, linhas também muito retas e o porta-malas de razoável capacidade, 395 litros. O automóvel era baseado no conceito VESC (Volvo Experimental Safety Car, ou carro experimental de segurança) de 1972, que priorizava a proteção dos ocupantes e trazia recursos como para-choques com amplo curso de amortecimento, motor projetado para se deslocar para baixo em caso de impacto frontal e bolsas infláveis na frente e atrás. A fabricação da série 200 era no distrito de Torslanda, não muito longe da sede. Grande, o sedã media 4,90 metros de comprimento, 1,71 m de largura, 1,44 m de altura e 2,64 de entre-eixos. Parrudo, pesava 1.250 kg. Continua

Os especiais
Em agosto de 1975 a Volvo apresentava a limusine 264 TE, de Top Executive. Media 5,60 metros de comprimento e pesava 2.150 kg. Sem exageros comuns a esse tipo de veículo, era um carro harmonioso. Atrás podia acomodar cinco pessoas, graças a dois bancos rebatíveis, e tinha um acabamento de primeira linha com isolamento acústico mais cuidadoso em relação aos dois postos dianteiros. Foi produzido em pequena quantidade entre 1975 e 1981. Agradou a chefes de estado, sobretudo da antiga República Democrática Alemã, que não queria importar carros da vizinha Alemanha Ocidental. Pouco discretas e até exageradas eram as peruas da Yngve Nilssons Karosserifabrik AB, empresa sueca especialista em transformações desde a década de 1930. Se a limusine tinha 70 cm a mais, a perua extralonga tinha 115. Servia como ambulância, táxi, transporte especial em aeroportos e também para a última viagem.

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Data de publicação: 10/10/09

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