Ninhada internacional

Hatch, conversível, perua, sedã, "aventureira": maior sucesso da
Peugeot, o 206 ampliou sua família por diferentes mercados

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Cupê ou conversível, ao sabor do momento: o 20Cœur, que previu as linhas do 206, inspirava-se no teto retrátil do 402 Eclipse dos anos 30

Com três ou cinco portas, o 206 mostrava as linhas atraentes no Salão de Paris de 1998; amplo para-brisa e faróis alongados eram destaques

Como a concorrente mais direta em seu país — a Renault —, a francesa Peugeot tem um longo histórico em carros pequenos, adequados a um continente de cidades antigas com ruas estreitas e alto preço de combustível. Desde 1929 ela mantém o padrão de designação composto pelo número da série (relativo a tamanho e segmento de mercado), um zero no meio e o último algarismo referente à geração.

O primeiro modelo a usá-lo foi o 201, lançado naquele ano e que correspondia ao 201º projeto da empresa. Tinha versões sedã e conversível com motor de 1,1 litro e 25 cv. Nove anos mais tarde aparecia o 202, com carrocerias sedã, conversível e até furgão, mesma cilindrada do antecessor e 30 cv. Interrompida pela Segunda Guerra Mundial, sua produção foi retomada em 1946. Abriu espaço para o 203 dois anos mais tarde, com linhas inspiradas em carros norte-americanos, motor de 1,3 litro e escolha entre sedã (com ou sem teto retrátil de lona), cupê, conversível, perua e furgão. Encerrada sua fabricação em 1960, a série 200 ficou fora do mercado por cinco anos até que estreasse o 204. Era um carro bem menor, de quatro metros e motor de 1,1 litro, e oferecia as mesmas carrocerias do 203, exceto o sedã de teto retrátil.

Quando ele deixou a linha, em 1976, seguiu-se mais um intervalo de sete anos até a chegada do 205, um dos maiores sucessos da Peugeot. Menor que os antecessores, com 3,7 metros, usou uma ampla gama de motores de 950 cm³ a 1,9 litro e ofereceu versões hatch e conversível. Mais de cinco milhões ganharam as ruas. Enquanto ele envelhecia, a intenção da Peugeot era lançar não um sucessor direto do 205, mas duas alternativas ao redor de seu segmento — o menor 106 e o maior 306, lançados em 1991 e 1993, na ordem — para que o bem-sucedido compacto pudesse permanecer em linha enquanto houvesse interesse do mercado. Contudo, o êxito de vendas de seus concorrentes mostrou à direção da marca francesa que havia espaço entre eles para um novo membro da série 200, cuja denominação não poderia ser outra: 206.

No Salão de Genebra em março de 1998 era apresentado um atraente carro-conceito com o nome Vingt Cœur, um pequeno cupê com teto rígido retrátil como o do Mercedes-Benz SLK, trazendo de volta a solução do pioneiro Peugeot 402 Eclipse de 1934. O nome, em que Vingt é 20 e Cœur significa coração — representado por tal figura no logotipo do modelo —, tinha a mesma pronúncia em francês que a palavra vencedor. Àquela altura já se sabia que o conceito antecipava as linhas modernas do que se tornaria o 206. Seis meses mais tarde o novo Peugeot fazia sua estreia do Salão de Paris — e cativou de imediato pelas formas arredondadas, desenhadas com grande inspiração.

Os faróis que lembravam olhos de felinos, habituais na marca, estavam mais alongados e faziam conjunto com a tomada de ar inferior de grande dimensão, enquanto a grade era bem reduzida. Para-brisa muito amplo e inclinado, lanternas traseiras amendoadas e colunas posteriores em forma triangular compunham o aspecto moderno do 206, típico da década que estava por vir. No interior também predominavam linhas arredondadas. Com uma plataforma inédita, que não chegou a ser compartilhada com a sócia Citroën (o C3 usou uma nova e seu antecessor Saxo tomava emprestada a do 106), o 206 mantinha a concepção de motor transversal e tração dianteira lançada no 205, mas era um pouco maior: 3,83 metros de comprimento e 2,44 m de distância entre eixos, ante 3,70 e 2,42 m do modelo substituído.

Quatro motores o equipavam de início: as unidades a gasolina de 1,1, 1,4 e 1,6 litro da linha TU, todas com comando de válvulas no cabeçote e duas válvulas por cilindro, que forneciam potência de 60, 75 e 90 cv e torque de 9,3, 11,3 e 13,8 m.kgf, na mesma ordem; e o propulsor DW8 de 1,9 litro a diesel, ainda de aspiração natural, com 70 cv e 12,7 m.kgf. Enquanto a suspensão dianteira seguia o universal conceito McPherson, a traseira mantinha-se fiel à escola francesa com o sistema independente por braço arrastado e barras de torção, similar ao do 205 (saiba mais). Encarregavam-se da produção as fábricas francesas de Poissy e Mulhouse e a britânica de Ryton, que a Peugeot havia adquirido com as operações do braço europeu da Chrysler em 1979.

Para suceder ao lendário 205 GTI, o 206 esportivo aparecia em 1999 com a mesma sigla, a não ser no mercado francês, onde era chamado de S16 em alusão às 16 válvulas (soupapes no idioma local). O interessante conjunto vinha composto de motor de 2,0 litros e 16 válvulas com 136 cv e 19,4 m.kgf, suspensão mais firme, rodas de 15 pol com pneus 185/55 e visual diferenciado com aletas no para-choque dianteiro. Velocidade máxima de 210 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 8,4 segundos indicavam o bom desempenho da versão. Uma variação do GTI, o 206 GT, vinha no mesmo ano para homologação do modelo para o Campeonato Mundial de Rali, WRC (leia boxe sobre corridas). Os para-choques um tanto protuberantes, que o faziam alcançar o comprimento mínimo de quatro metros exigido pelo regulamento, davam um ar diferente a esse esportivo. Continua

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Data de publicação: 30/1/10

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