Precisão épica

O compressor dos Mercedes-Benz S, SS, SSK e SSKL potencializou seu
desempenho e legou sua consagração nas corridas à eternidade

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

O 6-25-40 hp, primeiro Mercedes com compressor, e seu motor de quatro cilindros e 1,6 litro: recurso trouxe aumento de potência de 50%

O compressor nas pistas: Max Sailer vencia a Targa Florio de 1922, em carros de série com mais de 4,5 litros, com este Mercedes 28/95 hp

O 10-40-65 hp de 1924 também adotava o sistema de superalimentação

Sempre que a letra K sucede o número da sigla que dá nome a um Mercedes-Benz, qualquer admirador da marca já sabe que se trata de uma versão equipada com compressor. Esse recurso técnico, que vem de longa data, marcou época na virada dos anos 30 com um quarteto de esportivos que fez, nas competições, a reputação do fabricante alemão disparar bem além da potência extra trazida pelo equipamento. Com os modelos S, SS, SSK e SSKL, o compressor se tornou um ícone de potência, de vitórias nas pistas e da excelência técnica de uma marca em seus primeiros anos de existência.

Esses esportivos coroaram a união dos dois mais tradicionais fabricantes de automóveis do planeta. A Mercedes era uma marca da Daimler-Motoren-Gesellschaft (DMG), fundada por Gottlieb Daimler e Wilhelm Maybach em 1890 em Cannstatt, hoje parte de Stuttgart. Já a Benz & Cie. de Karl Benz simplesmente havia criado o primeiro automóvel do mundo, o Benz Patent-Motorwagen, em 1886. A fusão das duas companhias em 1926 criou a Daimler-Benz e esta passou a denominar seus automóveis de Mercedes-Benz.
 
Desde o início com um legado acima de qualquer suspeita, a estrela de três pontas do logotipo da marca teve meteórica consagração, ganhando brilho e repercussão a cada bom resultado de seus carros com compressor no automobilismo. Tecnicamente, foi esse recurso que, somado à história das duas marcas que a formaram e à qualidade de seus carros, elevou a recém-nascida Mercedes-Benz a uma precoce plenitude. Entretanto, o S e seus derivados trouxeram a maturidade a uma técnica que já vinha sendo adotada pela Mercedes antes da fusão.

Industriais, políticos, atletas… Pessoas de renome geralmente eram reconhecidas a bordo de um Mercedes com compressor. Paralelo a isso, a DMG trazia experiência de motores para aviação produzidos depois da Primeira Guerra Mundial.  No Salão de Berlim de 1921 já eram apresentados os primeiros Mercedes equipados com compressor, o 10/35 hp e o 6/20 hp, ambos de quatro cilindros. Eles causaram verdadeiro furor entre os especialistas e seus atributos logo chagariam aos carros de competição.
 
Tão logo o compressor irrompeu nas corridas, com seu acentuado ruído de ar comprimido no motor, começaram a surgir apelidos para festejar suas proezas. Os guinchos sonoros que ele produzia eram chamados de cornetas de Jericó, deusa da vingança ou grito de guerra das valquírias. Em abril de 1922, Max Sailer vencia a prova italiana Targa Florio, na classe de carros de produção de mais de 4,5 litros, pilotando um Mercedes 28/95 hp com o equipamento. Foi o segundo no placar geral. O compressor começou a proliferar também entre os Mercedes de rua.
 
Ele estava no 15/70/100 hp (mais tarde rebatizado de 400) com motor de 3,9 litros, fabricado entre 1921 e 1924; no 24/100/140 hp (depois 630) de 6,25 litros, de 1924 a 1929; e no 630 K de mesma cilindrada, entre 1926 e 1929. Eram carros bem maiores que os da concorrência, como também seria o Mercedes-Benz S, lançado em 1927, para o qual todos aqueles modelos prepararam o terreno. Foi o S que se tornou uma das maiores referências de tecnologia no automobilismo, nos anos 20 e 30, e de toda a história do então recém-formado fabricante alemão. Continua

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Data de publicação: 20/12/08

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