Com motor de 1,6 litro e 120 cv, desempenho não era o forte do Miata, que conquistava mais pela facilidade de dirigir rápido com seu chassi bem acertado e a tração traseira

Faróis escamoteáveis, maçanetas cromadas, rodas que lembravam as Minilites britânicas: o Miata combinava a modernidade com a tradição

Com estilo que lembrava sucessos de público como o Elan original, o carro tinha um preço camarada para sua proposta: US$ 13.800. Suas linhas eram agradáveis, muito arredondadas. A frente era longa e baixa, com para-choque envolvente e uma enorme entrada de ar na parte inferior. Os faróis eram do tipo escamoteáveis, muito usados na época. Com a cabine recuada típica dos roadsters, o motorista se sentava logo à frente do eixo traseiro. A parte posterior tinha caimento suave e arredondado e terminava em lanternas esguias e elegantes. O interior não tinha luxos, mas o conceito esportivo estava presente: painel essencial, bancos baixos e alavanca de câmbio à mão, instalada em um console alto. Era discreto nas medidas, como 3,95 metros de comprimento, 1,67 m de largura, 1,22 m de altura e entre-eixos de 2,27 m. A distribuição de peso era boa, com 53% dele no eixo dianteiro.

Ele não se mostrava a melhor opção para quem buscava desempenho estonteante, mas tinha estilo e era muito gostoso de dirigir. Trazia sensações que raramente se notavam em outros modelos. A Mazda definia seu conceito pela frase japonesa "Jinba ittai", que pode ser traduzida como "cavalo e cavaleiro em um só", ou seja, um carro tão fácil e prazeroso de se dirigir que o motorista o sentiria como extensão de seu corpo. A empresa estabeleceu cinco pontos-chave em seu projeto: dimensões e peso mínimos, dentro do necessário para atender às normas mundiais de segurança; cabine para dois adultos sem desperdício de espaço; motor central-dianteiro, montado atrás do eixo para distribuição de peso por eixo próxima ao ideal 50:50; suspensão independente de conceito moderno nas quatro rodas; e uma sólida conexão entre motor e o diferencial traseiro.

Relativamente leve, com 940 kg, o MX-5 usava um quatro-cilindros de concepção moderna que dava conta do recado. Com 1,6 litro, 16 válvulas, duplo comando no cabeçote, potência de 114 cv e torque de 13,8 m.kgf, era o mesmo já utilizado nos modelos 323 e o fazia alcançar 188 km/h. O câmbio era manual de cinco marchas e a suspensão independente tinha braços sobrepostos e molas helicoidais nos dois eixos. A tração, claro, era traseira. As belas rodas de 14 pol calçavam pneus 185/60, a direção leve dispensava assistência (embora fosse oferecida à parte) e os freios tinham discos nas quatro rodas. Um diferencial autobloqueante estava presente como opcional, assim como ar-condicionado.

A reação da imprensa beirou a euforia. Havia muito tempo que nenhum carro tão acessível oferecia tanta satisfação ao volante, com um comportamento divertido e a descontração de dirigir a céu aberto. A revista norte-americana Car and Driver, que o escolheu entre seus 10 melhores carros em 1990, explicava que "tudo que a Mazda fez com este carro foi reinventar o carro esporte. (...) Ele é barato. Ele funciona. Sua capota abre e fecha com facilidade. Ele é bonitinho. Ele se comporta bem. As garotas o amam. Os homens o amam. Todo mundo o ama. Você precisa de mais razões para comprar um?" Continua

Os conceitos

O primeiro carro-conceito com base no Miata apareceu em 1994. O M Speedster, acima, reprisava a fórmula do Porsche 356 Speedster dos anos 50 no para-brisa bastante baixo, cerca de metade do normal. Os para-lamas eram alargados, atrás dos encostos de cabeça surgiam domos e não havia capota. Outras alterações eram enormes faróis de longo alcance no para-choque, rodas de 15 pol com pneus 215/50, suspensão mais baixa e um compressor no motor 1,8 para o levar a 200 cv.

Ainda a partir da primeira geração, o M Coupe (acima) de 1996 trazia um teto rígido fixo que caía muito bem ao esportivo. além de deixá-lo mais leve e com mais espaço no porta-malas. Na cor amarela, o carro era muito bonito, mas a Mazda nunca se interessou em colocá-lo em produção — embora tenha feito capotas rígidas para o roadster.

Baseado na segunda geração, o Miata Mono-Posto que apareceu no SEMA Show em 2000 levava ao extremo o conceito de roadster. Só havia um lugar, o do piloto: a parte que seria reservada ao passageiro era fechada, seguindo as linhas da carroceria.

Para-brisa não existia, somente um discreto defletor, e a porta não tinha maçaneta. No capô uma entrada de ar o impulsionava ao propulsor de 1,8 litro. A preparação extensa do Mono-Posto (acima), que incluía turbo HKS, resfriador de ar e escapamento em aço inoxidável, fazia a potência subir para 192 cv e o torque para 33,6 m.kgf. Suspensão e rodas (de 18 pol) também mudavam. Por dentro o posto era tipicamente esportivo e contava com volante Momo. O toque final era o belo tom de vermelho.

Outra versão, menos radical mas também esportiva, apareceu no Salão de Frankfurt de 2001. O MPS Concept, acima, recebia modificações extensas. Os faróis, embora no mesmo formato, eram divididos em três partes com uma máscara na cor do carro. Na traseira um pequeno aerofólio era incorporado ao desenho. A suspensão recebia molas especiais e o alumínio aparecia em várias peças. Por dentro havia certa dose de luxo com uso de camurça sintética e couro. O motor crescia para 1,9 litro e alcançava 202 cv a 7.000 rpm e 36,6 m.kgf a 6.000 rpm. A caixa manual tinha seis marchas e rodas de 17 pol com pneus 215/40 eram responsáveis por manter o esportivo no chão.

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