Embalagem compacta longa-vida

O pequeno Ka surgiu com formas originais e completou
10 anos, na Europa e no Brasil, com as mesmas linhas

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Há vários casos, no mercado europeu sobretudo, de modelos que cresceram a cada geração a tal ponto que, anos mais tarde, passa a "caber" outro carro em um segmento inferior, com as mesmas dimensões da primeira geração daquele que ganhou porte. Na linha Volkswagen alemã, por exemplo, o Golf cresceu a ponto de o Polo ter superado as dimensões do Golf original. E o Polo também aumentou e deu espaço nos 90 ao Lupo — menor que ambos, mas quase do tamanho do Golf de 20 anos antes.

Com a Ford não foi diferente. Se o primeiro Escort de 1968 era um carro pequeno, na década seguinte já "cabia" abaixo dele o Fiesta original, de 1976. Pois este cresceu e nos anos 90, após duas gerações, havia espaço na família para um carro realmente compacto, de apenas três portas e quatro lugares, destinado a pessoas solteiras e casais sem filhos ou ao papel de segundo, terceiro, quarto automóvel da casa. Esse carro seria o Ka.

O conceito com formas ovaladas e faróis circulares, de 1994, e o conversível
Saetta do estúdio Ghia, de 1996, que antecipou o desenho definitivo da frente do Ka

A primeira pista de que a Ford trabalhava no projeto era dada no Salão de Genebra de 1994: já com o nome escolhido — que na mitologia egípcia representa o espírito de cada ser humano —, era exposto um carro-conceito de linhas originais e simpáticas, que usavam elementos circulares e ovais por toda parte, dos faróis ao vidro traseiro. Era naquele período a tendência de estilo da marca, que chegaria a extremos com o Taurus americano de 1995, um carro que só não ganhou pneus ovais porque teria problemas de dirigibilidade...

A forma curva do teto, porém, limitava o espaço interno. A Ford admitiria, anos depois, que na época já havia preterido aquele desenho por um mais eficiente, expondo a versão como conceito para despistar a concorrência. As linhas definitivas, criadas pelo francês Claude Lobo, diretor de desenho da marca na Europa, vinham à tona em 1996. Faróis, grade, lanternas e a base do vidro traseiro assumiam cantos vivos. Curvas e arestas formavam um interessante contraste no conceito definido pela empresa como New Edge Design, expressão traduzível por desenho arrojado.

Esboços do Ka já dentro do estilo New Edge, com muitas arestas, mas ainda
com um teto arredondado que prejudicava o espaço no banco traseiro

A nova aparência da frente teve sua receptividade avaliada por outro carro-conceito, o pequeno conversível Ghia Saetta, desenhado pelo famoso estúdio italiano e apresentado no Salão de Turim daquele ano. O público não sabia, mas a frente daquele estudo era praticamente um retrato do que surgiria em setembro no evento de Paris: o Ka em sua versão de produção.

O pequeno automóvel causou grande sensação. Era diferente de tudo o que se conhecia, embora tenha havido até quem visse ligação com o Fusca, pelo perfil arredondado do teto e da traseira. O New Edge estava por todos os lados: faróis, capô, pára-choques, vidros e lanternas traseiras seguiam o tema de curvas e arestas, com detalhes muito interessantes. Entre eles, as luzes de direção dianteiras davam continuidade à grade, as lanternas de trás seguiam os recortes do pára-choque e a terceira porta parecia uma tampa da carroceria.
Continua

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Data de publicação: 17/3/07

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