O pai deste 500 era Dante Giacosa (leia boxe abaixo), que já havia projetado o Topolino. O novo carro mantinha o número do nome propositalmente, para associar o novo projeto ao antigo e carismático Fiat que ele substituía. Se a designação era a mesma, a concepção mecânica dos dois projetos tinha características bem distintas, ainda que para um propósito equivalente. Chamado de grande pequeno carro, o "Cinquecento" era a maior esperança da Fiat para consolidar sua renovação.

Muito apreciado pelos europeus, o teto rebatível do 500 deixava a céu aberto toda a cabine, sendo armazenado no lugar do vidro traseiro, para uma agradável interação com o ambiente externo

Giacosa tinha como parâmetro criar algo a meio caminho do totalmente novo, tomando emprestadas peças do 600. Este já se encontrava em estágio avançado de desenvolvimento em 1954, quando o engenheiro decidiu que deveria usar no 500 um motor de dois cilindros em linha refrigerado a ar. Quem foi incumbido de desenhar o carro foi Giovanni Torrazza, enquanto Giacosa se ocupava em dar a ele uma estrutura leve e resistente. Até aqui o novo 500 era conhecido internamente como modelo 110. Em outubro de 1954 vieram mais definições do carro, que deveria se chamar 400.
 
O motor teria cilindrada de 480 cm³ com válvulas no cabeçote ou capacidade maior com válvulas laterais, para produzir 13 cv e render 22,2 km/l. O "400" deveria pesar 370 kg, levar dois ocupantes e atingir 85 km/h. O protótipo deveria ficar pronto a princípio em junho de 1955 para a produção ter início no meio de 1956. Um protótipo de quatro lugares e uma carroceria mais luxuosa também foram aprovados, sendo que esta última seria vendida pela Autobianchi — companhia criada a partir da antiga Edoardo Bianchi em 1955 com capital da Fiat, Pirelli e Bianchi.

O engenheiro Dante Giacosa: responsável pelo projeto do "Cinquecento", ele participou dos modelos mais notáveis da Fiat lançados entre as décadas de 1930 e 1970

Em outubro de 1955, o 400 e outros futuros modelos da Fiat foram apresentados à direção da empresa, então chefiada por Vittorio Valletta. Detalhe: os carros foram expostos no parque da Palazzina di Stupinigi, próximo a Turim, um local aberto ao público. Nada mais distante das pesquisas secretas e testes com camuflagem dos dias de hoje... Em janeiro de 1956 fixava-se o início de produção para o primeiro semestre de 1957, poucos meses antes do Autobianchi (leia boxe), que custaria algo próximo do preço do Fiat 600 para evitar concorrência direta ao novo 500.

Carro pequeno, grande espetáculo   Foram reservados sete bilhões de liras para o projeto. Não por acaso, o lançamento do 500 teve até transmissão para rede nacional de TV, diretamente do fábrica de Mirafiori, num dia quente do verão europeu de 1957. Giacosa deu entrevista ao vivo da linha de montagem. Com dois assentos finos e um banco traseiro, só duas pessoas cabiam no pequenino Fiat. Seu estilo simpático e porte diminuto facilmente causavam afeição no observador. Continua

Luigi
Ao explorar a idéia de dar vida a automóveis, a animação Carros, de 2006, trouxe um elenco de personagens com temperamentos distintos, mas com muito bom humor em comum. Entre outros havia Sally (um Porsche 911), Doc Hudson (um Hudson Hornet), Ramone (um Chevrolet Impala hot) e Fillmore, uma VW Kombi com pintura psicodélica. Para representar o personagem italiano Luigi, o atarantado e bonachão dono de uma borracharia, os roteiristas e o diretor John Lasseter tinham de encontrar um carro fortemente vinculado à Itália.

Com um carisma assimilado com facilidade pelo público infantil, o "Cinquecento" de 1959 serviu de base para o personagem. Luigi tem sempre a companhia de seu fiel auxiliar Guido, um Isetta com dois calços na dianteira usados para elevar e armazenar pneus. A dupla adora corridas — e, claro, é apaixonada pela Ferrari.
O público diverte-se com esses dois pequenos grandes ícones da indústria italiana que, junto aos outros personagens, salvam a cidade de Radiator Springs.
Dante Giacosa, o pai do 500
Ele já tinha no currículo a criação de um Fiat pequeno e muito popular, o Topolino. Projetar o Nuova 500 foi só a comprovação de seu talento. O romano Dante Giacosa nasceu em 3 de janeiro de 1905 em uma família originária da região do Piemonte. Formado engenheiro mecânico pela Politécnica de Turim em 1927, logo ingressou na Fiat ao se candidatar a uma vaga anunciada em jornal.
 
Não demorou para o talento do jovem engenheiro sobressair. Já em 1933 era promovido a gerente de engenharia de automóveis da empresa. Após mais 22 anos de casa, a engenharia de veículos da Fiat passou a ser comandada por ele, durante o projeto do novo 500. Depois viriam os cargos de diretor da divisão e membro do comitê executivo em 1966.
Giacosa também atuou no desenho dos carros, como o do próprio 500, que lhe rendeu o prêmio Golden Compass (Bússola de Ouro) em 1959.
 
Ao deixar a Fiat, em 1970, ele se tornou um consultor do fabricante. A lista de seu legado é enorme: além do Topolino e do Nuova 500, carros como 1400/1900, Campagnola, 1100, 600/600 Multipla, 1800/2100/2300 (incluindo o cupê), 124/125, 126, 128, Autobianchi Bianchina, Primula e A112 tiveram a participação de Giacosa no projeto, sem falar na colaboração com Pio Manzù para criar o 127. O engenheiro faleceria em 31 de março de 1996, quando suas obras já não eram mais fabricadas. Já a força e a vitalidade de seu trabalho são atemporais, como prova a recriação do 500 no modelo agora lançado.

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