Atrás do volante com aro de madeira (mais tarde revestido em couro), um painel farto em instrumentos em que o velocímetro indicava até 300 km/h Fotos: RM Auctions

O Daytona tinha apenas dois bancos, do tipo concha e revestidos em couro Connolly, para o qual havia nada menos que sete opções de tons

Com 352 cv e 44 m.kgf em um V12 de 4,4 litros, o GTB/4 impressionava: obtinha máxima de 280 km/h e acelerava de 0 a 100 em 5,6 segundos

O mais veloz   Sob o longo capô do 365 GTB/4, o motor V12, alimentado por seis carburadores Weber de corpo duplo, desenvolvia potência de 352 cv a 7.500 rpm e torque máximo de 44 m.kgf a 5.500 rpm. A comparação com o 3,3-litros do antigo 275 GTB indicava um motor mais civilizado, pois a potência específica baixava de 91,2 cv/l do antecessor para 80,1 cv/l, ainda bastante expressiva. Se o tanque de combustível para 128 litros não impressionasse, talvez a capacidade de óleo de motor o fizesse: 14,5 litros.

Com velocidade máxima de 280 km/h, aceleração de 0 a 100 km/h em 5,6 segundos e de 0 a 240 km/h em 31,5 s, o desempenho do Daytona estabeleceu padrões que demorariam a ser superados — só no fim dos anos 80, com o Countach Quattrovalvole, a Lamborghini assumiria de volta o título de carro de produção mais veloz do mundo. Sua potência era tal que apenas com três das cinco marchas ele já poderia superar qualquer limite vigente no planeta, pois a terceira alcançava 140 km/h.

O câmbio estava montado na traseira junto ao diferencial (do tipo autobloqueante), em um transeixo, e sua alavanca seguia o arranjo comum em carros de corrida, com a primeira para trás. O motivo dessa disposição é simples: em circuitos, assim como ao encarar uma estrada com vigor, só se usa a primeira marcha para arrancar, sendo preferível colocar as outras quatro no "H" principal. Claro que manobristas desinformados trouxeram alguns problemas quando esse arranjo começou a ser usado em carros de rua, não raro saindo em segunda e forçando a embreagem.

A exemplo do 275, a suspensão do Daytona usava o conceito independente por braços sobrepostos, em ambos os eixos, com molas helicoidais. Os freios eram a disco ventilado nas quatro rodas, com duplo circuito e servoassistência, mas direção assistida não foi prevista, em nome da maior sensibilidade do que se passava com as rodas de 7,5 x 15 pol com pneus 215/70 R 15. Continua

Nas telas
Muitos conhecem o Daytona por sua duradoura presença no seriado Miami Vice, transmitido com destaque nos Estados Unidos na década de 1980. A série se passa na cidade de Miami e gira em torno de dois policiais, interpretados pelos atores Don Johnson e Philip Michael Thomas. Corrupção e tráfico de drogas estão na trama, que teve seu primeiro episódio em 1984 e atingiu seu auge em 1986 e 1987. No Brasil, foi exibida pelo SBT de 1986 a 1990 e depois pela Globo.

O que muitos fãs da série desconhecem é que o belo conversível preto não era um Ferrari legítimo, mas uma réplica feita sobre o chassi do Chevrolet Corvette — os bancos originais do modelo podem ser notados. Consta que a fábrica de Maranello, descontente com o uso de um falso Ferrari em uma série de sucesso na TV, em certo momento cedeu o mais novo modelo da empresa — o Testarossa, lançado em 1984 — para substituir o conversível.

Além de Miami Vice, os 365 GTB/4 e GTS/4 apareceram com certo relevo em diversos filmes.
 
Miami Vice  The Gumball Rally
 
O cupê pode ser visto nas comédias Arrivano Joe e Margherito (1974), Roma Bene (1971) e Culastrisce Nobile Veneziano (1976). Já o conversível está presente no drama norte-americano Nasce uma Estrela (A Star is Born, 1976), na comédia The Gumball Rally (1976) e nos dramas The Swiss Conspiracy (1976) e O Perigoso Adeus (The Long Goodbye, 1973). Há ainda uma réplica do GTS/4 na comédia A Corrida Maluca (Speed Zone!, 1989).
Em escala
Não faltam opções para ter o Daytona na mesa ou na estante. Em escala 1:18, a Hot Wheels faz o cupê vermelho com interior bege e rodas raiadas. A Mattel fabrica modelo semelhante, com faróis escamoteáveis.
A Collectable Diecast oferece no mesmo tamanho o GTS/4, também vermelho, mas com interior e capota em preto. A frente reproduz a fase em que uma faixa de alumínio encobria os faróis e a seção central.
Ainda em 1:18, a Kyosho tem o GTB/4 Competizione, ou seja, versão de corridas, com faróis aparentes e defletor dianteiro. É a réplica do carro 22 que, em 1973, chegou em segundo na 24 Horas de Daytona.
Outra opção da empresa é o carro branco de número 64, que obteve a quinta colocação na mesma prova de 1977 — grande resultado para um modelo já fora de produção havia três anos.
Prefere a escala 1:43? A Kyosho oferece o GTB/4 em amarelo claro, prateado ou vermelho, sempre com interior preto. O cupê amarelo existe ainda pelo caprichoso fabricante alemão Minichamps.
Na linha de competição, a Red Line produz o cupê amarelo 36 e o vermelho 34 que correram a 24 Horas de Le Mans de 1972. Notam-se o defletor dianteiro e os escapamentos saindo pela lateral.

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