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As formas musculosas, viris do Viper foram transpostas do conceito ao mercado sem grandes alterações; notem-se os escapamentos laterais

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No interior, o alto e largo console chamava atenção e deslocava muito os pedais para esquerda; não havia janelas ou uma capota de verdade

Entusiasmado, Iacocca disse o que todos gostariam de ter ouvido no evento de Detroit no ano anterior: "Fabriquem-no!". E assim foi feito. Um ano depois Carroll Shelby, o texano que criou o Cobra e que vinha participando do projeto, pilotava o Viper como carro-madrinha na 500 Milhas de Indianápolis. Já com unidades de pré-série, o esportivo era apresentado aos jornalistas em novembro de 1991 e, dois meses mais tarde, voltava ao Salão de Detroit em sua versão final, já à venda.

Ao fim das contas, a Chrysler havia conseguido um ótimo resultado com baixo investimento — o custo do projeto, US$ 50 milhões, foi menor que o de uma reestilização de modelo de grande produção.

Um roadster essencial   O Viper de produção mantinha as formas do conceito original, apesar das alterações. A maior delas foi a inclusão da estrutura de proteção para o evento de uma capotagem, atrás dos ocupantes, mas havia também itens necessários como moldura completa no para-brisa, para-sóis, retrovisor interno, proteções nos escapamentos e faróis mais elaborados, com modernos refletores elipsoidais. Mesmo simplificado, o desenho das rodas lembrava o das originais.

O roadster media 4,45 metros de comprimento, 1,92 m de largura, apenas 1,12 m de altura e 2,44 m de distância entre eixos. E só podia ser comprado em vermelho — preto, verde e amarelo seriam oferecidos de 1993 em diante. Para conter o peso e mantê-lo fiel à proposta de sucessor espiritual do Cobra, a Chrysler optou por um interior bastante espartano, essencial.

Não existiam capota (apenas uma cobertura de lona ligando o para-brisa à barra de proteção, destinada mais a cobrir o carro estacionado), vidros laterais (só cortinas plásticas com zíper), ar-condicionado (um kit para instalação em concessionária seria oferecido de 1993 em diante) ou maçanetas externas — abriam-se as portas diretamente por dentro, embora elas, curiosamente, tivessem travas internas por força da legislação. Um sistema de áudio Alpine talvez fosse sua maior sofisticação.

O painel simples contava com seis instrumentos ao todo, sendo quatro em fila horizontal na parte central, e todos usavam um fundo branco que se escurecia sob baixa iluminação ambiente, o que se tornaria tendência. O alto e largo túnel central de transmissão deixava a alavanca de câmbio à mão, mas deslocava os pedais bastante à esquerda. O volante compacto de três raios ainda não trazia bolsa inflável, então facultativa nos EUA. Um adesivo recomendava evitar contato com a soleira da porta ao sair do carro, pois o escapamento que passava por ali certamente a teria deixado um tanto quente. O estepe era do tipo temporário, estreito.

A estrela do Viper, claro, era o motor V10 de 8,0 litros. Além da configuração peculiar (foi o primeiro motor de 10 cilindros em automóvel de rua, já que o projeto Porsche de 1939 não se concretizou; leia boxe abaixo), era então o propulsor de carro de passeio de maior cilindrada na produção mundial e o mais potente no mercado norte-americano, com 405 cv a 4.600 rpm. Ainda mais impressionante era o torque máximo de 62,2 m.kgf a 3.600 rpm, que lidava com um peso de 1.545 kg. O câmbio Borg-Warner T56, manual de seis marchas, trazia bloqueio eletrônico para impedir o engate involuntário da ré. A sexta longa ao extremo (relação 0,5:1) fazia o motor girar a apenas 1.300 rpm a 100 km/h. Continua

O clube dos 10 cilindros
Motores com a configuração escolhida para o Viper — 10 cilindros em "V" — são bastante raros na produção mundial para uso em rua. O primeiro V10 de que se tem notícia é um projeto da Porsche de 1939, o carro esporte Tipo 114. O motor teria apenas 1,5 litro, cilindros em "V" com o ângulo ideal de 72 graus e montagem central-traseira, mas nenhum protótipo chegou a ser construído.

Todos os demais casos, sem considerar carros de competição como os da Fórmula 1, são posteriores ao lançamento do modelo da Dodge. Da própria marca há também o picape Ram, tanto na primeira geração, com a unidade de 8,0 litros em ferro fundido que deu origem à do Viper, quanto na segunda, com a versão esportiva SRT-10, que recebeu a unidade de alumínio de 8,3 litros. Também nos EUA, a Ford usou um V10 de 6,8 litros em picapes, no furgão Série E e no imenso utilitário Excursion.

Outro uso em utilitário é o do V10 turbodiesel de 5,0 litros da Volkswagen, empregado no Touareg, mas também no sedã Phaeton. Em todos esses casos, elevado torque em baixa rotação — ainda mais que num V8 — foi o objetivo. Já o restante dos V10 mostra claras intenções de desempenho. A pioneira Porsche colocou o seu em produção em 2003 no supercarro Carrera GT, com 5,7 litros e 612 cv.
Do mesmo ano é o Lamborghini Gallardo, que fez a estreia de uma unidade de 5,0 litros (mais tarde ampliada para 5,2) com amplo uso pela proprietária Audi. Interessante é que em 1995 a marca italiana havia revelado o conceito ItalDesign Calà (foto à esquerda) com a proposta de usar um V10 central de 400 cv, mas o projeto não seguiu adiante.

A inglesa Bristol lançava em 2004 seu Fighter (foto à direita), com portas "asas de gaivota" e o motor de 8,0 litros do Viper de primeira geração. Modificado para fornecer 525 cv, o V10 levava o modelo a 338 km/h pelos dados do fabricante. A versão S veio com 628 cv e uma ainda mais potente foi anunciada, a T, em que o uso de turbo resultou em 1.026 cv. De acordo com a empresa, a velocidade máxima poderia ser de 430 km/h — bem acima dos 406 do Bugatti Veyron —, mas a opção foi por limitá-la a 362 km/h.

O BMW M5 aparecia em 2005 com um V10 de 5,0 litros e 507 cv, e um ano depois a Audi adotava no S8 (seguido pelo S6) o motor do Gallardo, só que em versão de 5,2 litros e 450 cv. A mesma Audi usou dois turbos para levar a potência de seu V10 de 5,0 litros a 580 cv no RS6, em versões sedã e perua, lançado em 2008, e criou uma variação de 5,2 litros e 525 cv com aspiração natural para seu superesportivo de motor central-traseiro, o R8.

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