O mais popular dos franceses

Motivo de piada no início, o desajeitado e simpático Citroën 2CV
conquistou o carinho de milhões e foi feito por mais de 40 anos

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação*

O único protótipo remanescente do "carro muito pequeno" da Citroën, de 1939: portas dianteiras "suicidas", um só farol, capô nervurado

No fim do século XIX já existiam pelas ruas alguns automóveis, parte deles movida a vapor, como os de Cugnot, De Dion-Bouton, Serpolet, Murdoch e Dallery, e outros elétricos, caso do Jeanteaud. Tinham poucos usuários, pois eram muito caros. Já no princípio do século XX os carros tomavam as ruas, mas continuavam privilégio de poucos. Mesmo aqueles menores e mais simples eram destinados a classes abastadas.

A primeira tentativa bem-sucedida de popularizar o automóvel foi de Henry Ford com seu Modelo T, em 1908. Era produzido em série numa linha de montagem, o que revolucionou o processo de construção de veículos. Muitos empresários do ramo adotaram a idéia, como o francês André Citroën. Sua empresa Societé Anonyme Automobiles Citroën, do Cais de Javel, em Paris, começou atividades em 1905 com engrenagens helicoidais duplas com dentes em ângulos opostos, origem do "double chevron" que é seu logotipo até hoje.

Fabricante de automóveis desde 1919, a Citroën teve um dos primeiros modelos a participar da linha de montagem no Tipo A 10 HP Torpedo, de quatro lugares. Pouco depois veio o B2, que dispunha de várias carrocerias, até mesmo picape. Seguiram-se o pequeno esportivo Caddy, depois o Cabriolet 5CV, o B14 G e o Rosalie até o fim da década de 1920. Também eram produzidos ônibus, caminhões e até carros com esteiras, que fizeram epopéias entre continentes. Apesar das boas vendas, a empresa não estava em situação financeira confortável. O fabricante de pneus Michelin, já bastante afamado, passou a controlar a marca em 1934. Bem antes de obter o controle acionário, porém, os irmãos Pierre e André Michelin fizeram uma pesquisa de opinião — fato raro na época — para saber das necessidades da população no que se referia a locomoção sobre rodas. Era o primeiro estudo de mercado lançado na Europa até então.

No mesmo período, a Sociedade dos Engenheiros de Automóveis (Société dês Ingénieurs de L’Automobile, SAI) abria um concurso de projetos de carro popular. De mais de uma centena, três chamaram a atenção por sua genialidade e praticidade: os de Le Corbusier, Paul Robert e Constant Ragoucy. As três eram desenhos de carros pequenos, práticos, viáveis para produção e de custo reduzido. Eles influenciariam muito um projeto da Citroën. Também em 1934 era lançado o revolucionário Traction Avant, mas seu êxito era uma incógnita. Os planos para fazer um carro popular de baixo custo ainda estavam na cabeça de três homens muito importantes: Pierre Jules Boulanger, Pierre Michelin (filho de Eduard, o patrão) e André Lefèvre, cujas idéias inovadoras a Renault não queria adotar, mas eram bem-vindas em Javel. Continua

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*Agradecimentos ao site www.citroenet.org.uk

Data de publicação: 22/11/08

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