Um orgulho para Mitchell

A fama do projetista Bill Mitchell resultou em boa parte
de um ícone do luxo americano, o Buick Riviera

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

Como no mar, muitas coisas vêm e vão no mundo do automóvel... O último Salão de Xangai marcou o calendário automotivo anual como o primeiro evento chinês a trazer atrações de fabricantes ocidentais inéditas para todo o mundo. Eram carros-conceito de fabricantes como Audi, BMW e Buick, marca americana que também atua naquele mercado. O destaque dessa tradicional divisão da General Motors foi um cupê atraente com portas no estilo asa-de-gaivota. Seu nome? Riviera. É uma designação poderosa do passado, tanto na história da Buick, quanto da General Motors e da indústria automobilística americana. Ela nos leva de volta a 1962.

A denominação Riviera já era adotada como versão de outros Buicks desde 1949. Naquele ano surgia o Roadmaster Riviera, cupê que lançou o popular estilo hardtop — com pintura saia-e-blusa e sem as colunas centrais, para imitar um conversível com o teto fechado — ao lado do Cadillac Coupe De Ville e do Oldsmobile Ninety-Eight DeLuxe Holiday. O nome identificaria também outras versões dos modelos Roadmaster, Century, Special e Electra nos anos seguintes. Isso até que em outubro de 1962 fosse apresentado um novo modelo de luxo pessoal, como os americanos chamavam os cupês que não eram nem esportivos óbvios, nem carros familiares.

Ainda sem faróis aparentes, o conceito Silver Arrow I antecipou as linhas do Riviera

A idéia surgiu da necessidade de criar concorrência para o amplamente bem-sucedido Thunderbird hardtop da Ford, lançado em 1958 ao lado de um conversível de quatro lugares que sepultaria a idéia original do roadster nos moldes europeus da geração 1955-57. A princípio, o projeto buscava atingir tal exclusividade que até ressuscitaria a marca LaSalle, divisão da GM fortemente associada à Cadillac e extinta em 1940. Mas nada era oficial até o dirigente da Buick, Ed Rollert, se interessar pela idéia em 1959.

O Riviera 1963 começou a nascer nas pranchetas do departamento de estilo já na gestão de William L. Mitchell (leia boxe), que substituiu o lendário Harley Earl no fim de 1958 e foi responsável por uma profunda renovação do estilo dos carros da GM nos anos 60. Ao visitar Londres para o salão do automóvel local em 1959, ele se inspirou nas formas retas e angulosas de um Rolls-Royce com carroceria especial, parado na neblina, para criar algumas das linhas de seu novo projeto, chamado de XP-715. Em agosto de 1960 já havia modelos em escala real do carro, ainda identificado como LaSalle 11.

Quatro faróis, luzes de direção nas extremidades, traseira inclinada, laterais onduladas: o estilo atraente do "cupê de luxo pessoal" da Buick

O desenho foi modificado para incluir novos ângulos, como os do Rolls que intrigara Mitchell na viagem, embora num formato muito mais baixo e esguio. Outros traços, que foram mantidos desde os primeiros esboços do projeto, eram as luzes de direção dianteiras ressaltadas nas extremidades da frente. Os faróis a princípio ficariam escondidos pela grade. Depois de uma disputa entre as divisões da GM para decidir quem ficaria com o modelo, a Buick, então com vendas em baixa, saiu vencedora.

Foram considerados nomes como Centurion e Drake, mas a designação do primeiro Buick hardtop prevaleceu, evocando o charme da Cote d’Azur francesa. Pouco antes da estréia do modelo de produção, Mitchell preparou um carro bem próximo da versão final, sem faróis aparentes ou faixa branca nos pneus, mas com duas entradas de ar funcionais nas laterais. Era o conceito Silver Arrow I (leia boxe), que serviu de aperitivo para o Riviera e cujo nome voltaria a figurar mais tarde na história do modelo.
Continua

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Data de publicação: 9/6/07

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