Feroz como um tubarão

O apelido veio do estilo, mas o desempenho foi outro
atributo que fez do Série 6 um dos mais admirados BMWs

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Os cupês são uma parte importante da história da BMW desde a década de 1930. A Bayerische Motoren Werke (Fábrica de Motores Bávara) lançou em 1936 o primeiro deles, o 327, já com motor na configuração de seis cilindros em linha que nunca seria abandonada. No pós-guerra a dinastia prosseguia com o 503, de 1955, cujo V8 de 3,2 litros era o mesmo do lendário roadster 507. Sete anos depois era a vez do 3200 CS, desenhado por Bertone e dotado do mesmo motor.

Os 2000 C e CS, de 1965, decepcionavam no desempenho dos motores de quatro cilindros e 2,0 litros. Foi com sua evolução — o 2800 CS com um seis-em-linha de 2,8 litros, em 1968 — que a BMW recuperou seu prestígio nesse segmento, que rende ao fabricante até mais em imagem que em lucro por unidade vendida. Desse modelo vieram outros cada vez mais potentes: os 3.0 CS e CSi em 1971 e o 3.0 CSL no ano seguinte, cuja versão de competição tornou-se conhecida como "Batmóvel" pelos anexos aerodinâmicos nada sutis (leia história).

A frente imponente, com quatro faróis e um ressalto no capô para destacar a grade, harmonizava-se com as linhas elegantes do Série 6

Apesar de bem-sucedida nas pistas, a série CS estava envelhecida em meados dos anos 70. Nos Estados Unidos, o mais importante mercado de exportação da marca, novas leis de segurança vinham dificultando a venda dessa linha. Eram necessários enormes e pesados pára-choques para atender às normas de impacto, com prejuízo ao estilo. As estreitas colunas e a ausência do pilar central já não estavam coerentes com as necessidades de resistência em caso de capotagem. Tudo isso foi considerado no projeto de seu sucessor.

O próprio departamento de estilo da empresa, chefiado pelo francês Paul Bracq, concorreu com o estúdio do italiano Giorgio Giugiaro para que fosse feita a decisão pela diretoria. Bracq aplicou ao máximo as propostas de desenho do conceito Turbo, um superesportivo de motor central apresentado em 1972, cujo estilo inspiraria de forma decisiva o BMW M1 de 1979. A proposta do francês foi a vencedora. Levado o projeto adiante, a empresa revelava em março de 1976 a Série 6 ou E24, esta sua designação interna na empresa. À apresentação à imprensa em Marbella, na Espanha, seguiu-se o lançamento público no Salão de Genebra, Suíça.

A grande área envidraçada chama a atenção, assim como o recorte nos vidros laterais traseiros; a carroceria avançava em segurança em relação a seu antecessor

Eram amplos cupês (comprimento de 4,75 metros, entreeixos de 2,62 m) com um estilo imponente. A frente, com os famosos quatro faróis circulares e a grade "duplo-rim" à frente de um ressalto no capô que a destacava, justificava o apelido de "tubarão" que alguns lhe atribuíram. A área envidraçada e as lanternas traseiras eram amplas e, nas janelas laterais posteriores, via-se o corte posterior em curva já característico da marca. A estrutura previa áreas de deformação à frente e atrás em caso de impactos, recurso ainda raro à época. Por mais de um ano a construção das carrocerias ficou a cargo da Karmann Coach Builders, na cidade alemã de Osnabrück, pois a BMW trabalhava no limite da capacidade produtiva com os Séries 3 e 5.

O carro não era tão rápido e esportivo quanto seu antecessor, mas oferecia bom espaço no banco traseiro — quase um quatro-lugares, embora rotulado como 2+2 —, acabamento de qualidade e alto padrão de conforto. O painel não deixava dúvidas de que o cupê fora desenhado ao redor do motorista e já contava com iluminação alaranjada, ainda hoje em uso pela marca. Novo era o sistema de verificação e controle, que apontava desgaste de pastilhas de freio, lâmpadas queimadas e baixo nível de fluidos, entre outras funções.
Continua

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Data de publicação: 25/11/06

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