Corações e mentes

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Símbolo mais querido da América dos anos 50, o Bel Air
fez do tempo um aliado em sua vocação para clássico

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação
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Com o Styleline DeLuxe Bel Air de 1950, o começo da linhagem: tratava-se então de apenas uma opção cupê hardtop para uma das linhas da Chevrolet

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Grade dianteira e pequenas melhorias marcavam o modelo 1952 (apresentado com exagero como "brilhantemente novo"), na essência o mesmo de 1950

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A carroceria mudava de verdade para 1953, ano em que o Bel Air assumia a posição de topo de linha, com direito a versões sedã de duas e quatro portas e conversível

O nome já não consta no catálogo da Chevrolet desde 1975. Lá se vai meio século desde que o modelo 1957 marcou o imaginário americano com sua receita única de vigor, estilo e carisma. Tanto tempo se passou, mas não só o Bel Air não poderia estar mais vivo no coração e na memória de seus admiradores quanto esse grupo cresce cada vez mais, um amor que se reverbera a cada geração. Exceto pelo Corvette, que merece uma categoria à parte até por nunca ter saído de linha, o Bel Air é o Chevrolet antigo mais lembrado, mais falado, mais querido dentro e fora dos Estados Unidos. Mas o que explica tal fascínio?

O ápice desse ícone entre os clássicos criados em Detroit se deu em 1957 — e, como veremos mais à frente, o início da decadência também. Era uma época de euforia pela cultura americana, que vivia uma renovação juvenil enquanto a Europa se reerguia da Segunda Guerra Mundial. Paz, prosperidade e a fé na tecnologia eram os combustíveis da imaginação de engenheiros e estilistas para a criação de carros cada vez mais repletos de brilhos cromados, cores alegres e dimensões sem acanhamento. A extravagância dos carros americanos nunca havia chegado a um nível tão alto e não se repetiria depois. Já o Bel Air...

Como a série de topo na linha Chevrolet daquele ano, ele não precisou de exageros para refletir esses bons tempos como nenhum outro carro. Um automóvel que conseguisse representar com tanta exatidão uma década conhecida como anos dourados ganharia uma dimensão, sem trocadilhos, maior que a vida. Sim, pois a decadência e o fim do Bel Air e daquele estilo de vida não diminuíram, só intensificaram o caráter de ícone do modelo. O maior mérito dele foi ser um típico produto de Detroit da época, ainda que acrescentando moderação à forma para equilibrá-la em relação ao conteúdo, quando todos faziam o oposto.

Por mais que se admita que idéias apaixonantes nascem de suas integrantes, não há como negar alguns contra-sensos gritantes da indústria automobilística americana. Infelizmente, o Bel Air foi — também nesse sentido — um dos exemplos mais bem-acabados da história de Detroit. No mesmo ano em que alcançou seu auge ele passou a ser relegado a um gradual ostracismo por seu próprio fabricante. Já no fim daquele ano, com a linha 1958, o Impala surgiria para ofuscar e depois apagar o brilho do Bel Air, que dali em diante teria uma longa história de coadjuvante.

Num certo sentido o Bel Air morreu no fim de 1957. Por mais que a Chevrolet possa se defender argumentando que o modelo não saiu de linha, a percepção do público é essa e, embora não exata, está cheia de boas razões. Em 1958 o novo topo de linha da marca era o Bel Air Impala. Outro Chevy clássico, o Impala predominaria por anos enquanto o Bel Air era mantido como mera série inferior. Embora a linha Chevrolet tenha sido subdividida em segmentos por tamanho nos anos 60, tampouco foi reservado um papel mais digno ao Bel Air, que poderia passar a modelo independente. Ele continuou à sombra do Impala. Continua

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Data de publicação: 18/8/07

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