Pode ser exagero ver nos frisos das laterais alguma semelhança com as tomadas de ar do Ferrari Testarossa, mas o Alfa 164 era, sem dúvida, um dos sedãs mais belos da época

O motor V6 de 3,0 litros, com belos dutos de admissão cromados, era o topo de linha entre três opções, todas com máxima acima de 200 km/h

À frente os faróis trapezoidais, quase retangulares, incluíam as luzes de direção. O famoso triângulo da Alfa estava presente, destacando um ressalto no capô e invadindo parte do parachoque. Faróis de neblina retangulares completavam o conjunto. Um vinco pronunciado marcava toda a lateral e unia os faróis às belas lanternas traseiras, elevadas, horizontais e de perfil muito baixo. Cromados eram comedidos e formavam detalhes interessantes, sem excessos.

O interior refletia o refinamento que a marca almejava para seu sedã. Linhas retas predominavam, com um painel original e repleto de botões. Atrás do volante de quatro raios, o painel de instrumentos incluía contagiros, voltímetro e manômetro de óleo, além de luzes-piloto que indicavam anormalidades nos níveis de fluidos e portas abertas. O acabamento era esmerado e com materiais de qualidade. Bancos com regulagem elétrica (até mesmo a posição longitudinal dos traseiros, de forma separada), computador de bordo e ar-condicionado digital faziam parte do menu apresentado ao cliente.

O Alfa 164 foi o primeiro da marca a ter sua estrutura criada com extensivo uso de computadores, o que permitiu uma plataforma rígida e relativamente leve. A suspensão independente nas quatro rodas incluía subchassi dianteiro e, em algumas  versões, sistema de correção automática de altura da traseira de acordo com a carga. Os freios eram a disco e os câmbios disponíveis podiam ter cinco (manual) ou quatro marchas (automático da marca ZF).

Inicialmente quatro motores estavam disponíveis, todos aptos a fazer o modelo romper a casa dos 200 km/h. O primeiro, um quatro-cilindros a gasolina com 1.962 cm³, desenvolvia potência de 146 cv e torque de 19 m.kgf, o suficiente para acelerar de 0 a 100 km/h em menos de 10 segundos. Apesar do pico de torque a altas 4.700 rpm, 16 m.kgf já estavam disponíveis a 2.000 rpm. Esse bloco faz parte da história da Alfa, sendo usado em diversos modelos.Continua

Ficou só na vontade
Nos anos 80 a categoria monomarca de competição Procar usava o BMW M1, com motor de seis cilindros preparado e modificações conforme o padrão FIA Silhouette Grupo 4. O campeonato, que chegou a ter pilotos como Nelson Piquet e Niki Lauda, deixou de existir quando a BMW parou a produção do M1. Anos depois, em 1985, a Alfa Romeo desenvolveu um motor V10 de 3,5 litros para fornecer à equipe Ligier de Fórmula 1, mas o acordo entre as empresas foi rompido.

Foi quando surgiu a idéia de reviver a Procar com o uso desse motor em um carro com aspecto de modelo de rua. Em 1988 a Alfa Romeo apresentava o 164 Procar, desenvolvido em parceria com a equipe Brabham de Fórmula 1, comprada pela italiana pouco antes.
O carro tinha peso de apenas 750 kg (mínimo exigido pelo regulamento) graças ao uso de fibra de carbono na carroceria. Sob essa carcaça estava um V10 de 3,5 litros com volante, bielas e válvulas de titânio e duplo comando com variador. Entregava 620 cv a altíssimas 13.300 rpm e torque de 39 m.kgf a 9.500 rpm e ficava logo atrás do piloto, em posição estratégica para boa distribuição de peso. Com câmbio de seis marchas, o carro atingiu máxima de 340 km/h em testes.

Contudo, somente um desses 164 foi fabricado e nunca chegou às pistas de fato, à parte uma apresentação no circuito de Monza. Ficou na história um modelo diferenciado da Alfa com seu único V10. Hoje ele pode ser visto no museu oficial da marca em Arese.
Nas telas
Não há muitos filmes que trazem, mesmo de relance, a presença do Alfa 164, mas os que abrem essa exceção envolvem o carro em cenas de, literalmente, forte impacto. É o caso do filme alemão feito para TV Crazy Race (2003). Nele um personagem precisa ganhar uma corrida de rua ilegal para devolver dinheiro para a máfia. Um Alfa 164 1988 participa de uma perseguição com efeitos especiais pouco convincentes.

Destruição também no longa B13 - 13º. Distrito (Banlieue 13, 2004). A película de origem francesa, escrita por Luc Besson e Bibi Naceri, mostra uma Paris de 2010 extremamente violenta e segregada. O governo autoriza a construção de muros de isolamento em bairros considerados perigosos. O pior deles é o 13º. distrito — e é para lá que vai um míssil prestes a explodir em 24 horas. Resta a um agente de polícia (Cyril Raffaelli) a ingrata missão de chegar ao distrito e desarmar o artefato. Em uma das cenas um 164 Quadrifoglio é atingido por um corpo que cai de um prédio, sendo destruído. O orçamento do filme foi de 12 milhões de euros.

Uma versão de mercado americano do 164 aparece em cenas de perseguição no filme Rotação Máxima (The Chase, 1994) com Charlie Sheen, Henry Rollins e Kristy Swanson no elenco. Ação também nos seriados Navarro (1989-2006), Aída (2005-2009), Alarm für Cobra 11 - Die Autobahnpolizei (1996-2009) e nos filmes Vet hard (2005) e A Liberdade é Azul (Trois Couleurs: Bleu, 1993), onde mais um Alfa é destruído completamente.
Crazy Race B13 - 13º Distrito
A Liberdade é Azul Alarm für Cobra 11

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