Conforto e longevidade

A série W123, uma das gerações da Classe E, manteve por 10
anos as tradições que fizeram o prestígio da Mercedes-Benz

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Os modelos de porte intermediário, hoje conhecidos como Classe E, são por boa margem a linha mais importante em vendas na história da Mercedes-Benz: desde 1947, cerca de 11 milhões de unidades chegaram às ruas do mundo todo, mais de 40% do total que a marca vendeu desde sua fundação. E a geração que responde pela maior fatia desse bolo é a de código W123, com 2,69 milhões de unidades — quase empatada, é verdade, com a W124 e seus 2,64 milhões.

O fabricante da estrela de três pontas considera o modelo 170, lançado em 1947, o primeiro dessa linhagem, seguido em 1953 pela série 180/190, conhecida como Ponton. Em 1961 estreava a linha designada pelo código W110, chamada informalmente de Fintail em alusão às aletas nos pára-lamas traseiros, que eram inspiradas nos carros americanos da época. Sete anos depois vinha a geração W114/W115, que ficaria conhecida como Strich-Acht (barra-oito em alemão) em referência ao último dígito do ano de seu lançamento.

O sedã 200, com motor de quatro cilindros e 94 cv, era a base de uma ampla linha iniciada em 1976, com estilo inspirado no do Classe S da época

Quando chegou o momento de redesenhar mais uma vez sua principal linha de modelos (e então sua porta de entrada, pois ainda não existia a série de menor porte, a 190), a Mercedes enfrentava um cenário um pouco diferente das décadas anteriores. Agora havia opções semelhantes de duas marcas alemãs que ganhavam prestígio: a BMW, com o Série 5 introduzido em 1972, e a Audi, que desde 1969 oferecia o modelo 100 e preparava sua segunda geração para 1976. Além disso, marcas como a Opel com o Rekord, a Ford com o Taunus, a Citroën com o CX, a Peugeot com o 604 e a Volvo com a série 200 buscavam oferecer requinte e conforto a preços mais acessíveis. Havia também a pressão por economia de combustível, efeito da primeira crise do petróleo, em 1973.

Outros fabricantes talvez tivessem arriscado uma reformulação drástica, que apontasse novos caminhos em estilo e tornassem a concorrência superada, mas esse não era — ao menos à época — o caminho habitual da Mercedes. Em vez de revolução, a marca optou por uma evolução de linhas, que atualizava a fórmula do W114/W115 aos novos tempos, sem correr o risco de assustar os clientes mais conservadores. A série W123 chegava ao mercado europeu, em dezembro de 1975, com o aspecto de um Classe S da geração W116 reduzido em tamanho.

Cinco motores a gasolina, incluindo um 2,8-litros com injeção, e quatro a diesel formavam a oferta da linha W123, com potência de 55 a 177 cv

Estavam lá os ingredientes que não podiam faltar em um carro da empresa: grandes faróis duplos (circulares em algumas versões) que formavam conjuntos retangulares, a volumosa grade cromada com a estrela "espetada" no topo, pára-choques envolventes e também cromados, tampa do porta-malas à mesma altura do capô, ampla área de vidros sem quebra-ventos nas portas dianteiras, lanternas traseiras com reentrâncias em faixas horizontais (cujo objetivo era manter sua visibilidade mesmo após trafegar por estradas poeirentas). Quando as rodas não eram de alumínio, as calotas centrais vinham na cor da carroceria. Era um conjunto simples, mas muito equilibrado e elegante. E com boas soluções, como a possibilidade de abrir o capô em 90° para facilitar serviços de manutenção. Continua

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Data de publicação: 13/5/06

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