50 anos de sucesso estelar

Do fantástico "Gull Wing" de 1954 ao mais recente SL, a
Mercedes-Benz provou que sabe fazer notáveis esportivos

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

No princípio da década de 1950, a famosa empresa alemã Daimler-Benz AG, de Stuttgart, hoje DaimlerChrysler, desejava voltar às pistas de corridas com a marca Mercedes-Benz. A cúpula da empresa havia decidido que chegara o momento de retornar a competições, já que as dificuldades do período pós-guerra haviam sido transpostas. O responsável pelo setor era Rudolf Uhlenhaut, afamado por sua determinação e competência em grandes-prêmios nos anos de 1933 a 1937.

A decisão foi tomada em 1951. O carro tinha que ficar pronto até 4 de maio de 1952, para concorrer na famosa prova italiana Mille Miglia (Mil Milhas), onde passaria pela crítica dos jornalistas. Enfrentaria marcas famosas, como a inglesa Jaguar e as italianas Alfa Romeo e Ferrari. A nova carroceria teria que seguir regras estabelecidas para este tipo de prova. O carro deveria ser leve e, como conseqüência, extremamente rápido. Assim nascia o 300 SL — motor de 3,0 litros, sport, leicht, ou esporte e leve em alemão.

O 300 SL (sigla para esporte e leve com motor de 3,0 litros) nasceu para as pistas: em 1952 a Mercedes o colocava na Mille Miglia italiana

O sucesso das pistas que o bólido obteve (leia boxe) chamou a atenção do importador americano de Mercedes e outros grandes carros, Max Hoffman. Esse austríaco de descendência judaica saiu de sua terra natal temendo a segregação racista alemã; foi para Paris e pouco depois Portugal. De lá embarcou num cargueiro para os Estados Unidos, chegando a Nova York quase sem dinheiro e falando pouco o inglês. Era um fanático por automóveis, que admirava marcas famosas e belos carros.

Lá, já fazendo sucesso, estabeleceu-se no número 487 da famosa Park Avenue. Responsável pela entrada do Porsche 356 e do BMW 507 no mercado americano, Hoffman passou a representar uma opinião muito importante para os europeus. Então ele sugeriu à Mercedes que produzisse um modelo "civil" inspirado no SL de corridas. Em 6 de fevereiro de 1954 era apresentado, justamente no Salão de Nova York, o cupê de série 300 SL, o "Gull Wing" ou asa de gaivota, em alusão a suas portas que abriam para cima.

A sugestão do importador americano merece aplausos de todo entusiasta: o 300 SL de rua,
lançado dois anos depois, é considerado um dos mais belos carros já produzidos

Sua carroceria era muito bela. Hoje é tido como um dos automóveis mais bonitos já produzidos — e foi um dos mais desejados na década de 1950. Os vincos nos pára-lamas, as saídas de ar laterais, os retrovisores avançados, tudo concorria para a esportividade e a elegância. Estava calçado com pneus na medida 6,50-15 e usava belas rodas cromadas com cubo rápido central, cujo desenho era uma estrela. As "asas" tinham uma razão de ser: o uso de um chassi em treliça tornara a estrutura lateral muito alta, o que impediria o recorte para uma porta convencional. O que surgiu como uma limitação técnica se tornaria, ironicamente, um dos detalhes mais charmosos do carro. Continua

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos - Envie por e-mail

Data de publicação: 20/8/05

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade