O câmbio foi o primeiro por aqui com cinco marchas, todas sincronizadas, e a embreagem usava comando hidráulico. A quinta ainda não seguia o conceito de sobremarcha, que só se tornaria comum duas décadas depois para economia de combustível: era com ela que se atingia a velocidade máxima, ficando a quarta limitada a 132 km/h. Os freios usavam tambores de alumínio, com aletas para melhor dissipação de calor, embora faltasse a assistência de um servofreio.

Câmbio de cinco marchas, motor com câmaras hemisféricas, freios com tambores de alumínio, pneus radiais: o FNM 2000 foi pioneiro em vários recursos na produção brasileira

Os pneus eram radiais Pirelli, outra primazia no País, com aro medido em milímetros — 400, o equivalente a 15,7 pol. E a suspensão, independente à frente com braços triangulares sobrepostos e de eixo rígido na traseira, usava molas helicoidais em ambas para um rodar suave e silencioso. Tudo somado, o carro transmitia bem maior segurança que os concorrentes.

O JK foi, durante muito tempo, uma rara aparição em nossas ruas e estradas. Primeiro por ser caro: em junho de 1961 custava 1,54 milhão de cruzeiros, abaixo apenas do Simca Présidence (1,57 milhão), mas bem acima de um Aero-Willys (1,06 milhão) ou mesmo Simca Chambord (1,28 milhão). Além disso, a produção era pequena — em torno de 500 unidades por ano — e não era fácil conseguir um. O melhor meio era um "pistolão", a recomendação de algum político, já que a fábrica era estatal... Por causa disso, em 1963 já se via a curiosa situação de um modelo usado do mesmo ano valer 10% mais que o preço de tabela do carro zero-quilômetro.

Grade central mais baixa, capô liso e pára-choques sem garras eram identificações externas do TIMB, o JK esportivo, cujo motor ganhava 45 cv

Foto:
Cláudio Larangeira*

Poucas foram as modificações feitas nos primeiros quatro anos do JK. A extremidade das garras dos pára-choques mudou de circular para retangular, o aquecimento interno foi abolido, a luz de ré de cor âmbar passou a ser branca e o revestimento dos bancos variou entre tecido, vinil e couro. Em 1964, por causa do golpe militar em março que pôs fim ao governo de João Goulart, a sigla JK era descartada, sendo o carro chamado apenas de FNM 2000. Também desapareciam dos logotipos, na frente e no porta-malas, as colunas estilizadas do Palácio da Alvorada.

TIMB e 2150   Novidades de monta, mesmo, só chegavam em 1966 com a versão esportiva TIMB — sigla para Turismo Internacional Modelo Brasil, em alusão à TI muito usada nos Alfas italianos. O carro teria sido chamado de Jango, apelido de João Goulart, não fosse a deposição do presidente dois anos antes. Na frente, a grade vertical tradicional da Alfa ficava mais baixa e larga, integrada às grades horizontais, sendo eliminado o ressalto no capô que lhe dava continuidade. O pára-choque não tinha garras e era composto de duas seções, separadas pela placa de licença. Continua

Nas pistas
O desempenho do JK, brilhante para seu tempo, não passou despercebido dos pilotos na década de 1960. A Alfa Romeo já há muito tempo desfrutava grande prestígio em nossas pistas. Em 1937 o piloto italiano Carlo Pintacuda vencera o Circuito da Gávea, nossa prova de maior relevo entre os anos 30 e 50, com um Alfa. Com a estréia do sedã nacional, em 1960, foi sua vez de fazer bonito em competições.

Rápido, estável e com mecânica robusta, o JK venceu já em 1961 a V Mil Milhas
Brasileiras, tendo ao volante os míticos Christian Heins (o "Bino") e Chico Landi. Depois, na 24 Horas de Interlagos, o Alfa brasileiro conseguia os três primeiros lugares. No ano seguinte, 2ª e 3ª posições da VI Mil Milhas foram para o JK.

A esse tempo a FNM decidiu abandonar a participação oficial nas provas, mas pilotos independentes continuaram a correr, tanto com o sedã quanto com Alfas importados — como os Giulias da equipe Jolly, de brilhante carreira em nossas pistas.
Nas telas
Uma das comédias cinematográficas mais marcantes e finas produzidas até hoje, A Pantera Cor de Rosa (The Pink Panther) teve sua saga iniciada em 1963. O atrapalhado inspetor Jacques Clouseau, vivido pelo grande Peter Sellers, tenta reaver um diamante valiosíssimo, o Pantera Cor-de-Rosa, que foi furtado pelo Fantasma, vivido por outro grande ator inglês David Niven, e por sua parceira, a bela princesa Dala, interpretada pele italiana Claudia Cardinale. Conta ainda com o ator americano Robert Wagner, que faz George Lytton.

O filme tem a direção do não menos famoso Blake Edwards e recebeu na época uma indicação ao Oscar, na categoria Melhor Trilha Sonora, e uma ao Globo de Ouro, na categoria Melhor Ator em Comédia/Musical para Peter Sellers. Em várias cenas podemos ver um Alfa Romeo 2000 Berlina de 1959, na cor preta, que era usado nas investigações na Itália. Vale a pena ver toda a série dos filmes. Muito bons.

por Francis Castaings

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* A foto de Cláudio Larangeira foi gentilmente cedida por Fabio Steinbruch

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