O "Fitito" de longa vida

Depois de viver na Itália por 14 anos e originar a primeira minivan
compacta, o Fiat 600 ainda durou muito em outros mercados

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Dez anos após o final da Segunda Guerra Mundial, a Europa como um todo e a Itália em particular mostravam uma recuperação econômica. Para a indústria automobilística, a enorme demanda por veículos era a indicação de um bom momento para introduzir novos modelos e investir em segmentos superiores, com mais espaço e potência que nos pequenos carros produzidos até então.

Desde que acabara o conflito, diversos fabricantes aproveitaram para lançar produtos que, apesar da nova aparência, usavam antigos conceitos mecânicos. Foi o caso do Renault 4CV em 1946 e do Citroën 2CV em 1948, projetados antes da guerra ou durante aqueles anos sombrios. No caso da Fiat, o longevo 500 ou Topolino, introduzido em 1936 e recolocado no mercado após a guerra sem grandes alterações, era um sucesso: em 1955 foram vendidas mais de 40 mil unidades, cerca de metade do mercado europeu de carros pequenos até 650 cm³, que já contava com diversos fabricantes.

O protótipo de 1952 aponta a receita que apareceria três anos depois no 600: linhas arredondadas, portas "suicidas", motor e tração traseiros

Naquele ano a Fiat era a segunda maior da Europa, atrás somente da BMC (British Motor Corporation) e à frente da Volkswagen e da Ford inglesa. No entanto, manter essa posição exigia atender ao desejo do consumidor por um automóvel mais amplo e confortável que o Topolino. Um novo 500 viria, é verdade, em 1957. Mas, seis anos antes, a marca de Turim iniciava a concepção do 600, um sedã de duas portas e quatro lugares, com motor e tração traseiros.

Apresentado no Salão de Genebra em 9 de março de 1955, o novo projeto do engenheiro Dante Giacosa (1905-1996) roubou a cena, tanto pelo lançamento em si quanto pelas estratégias de divulgação encontradas pela marca. No estande via-se uma unidade dividida ao meio em um corte longitudinal, em que as metades giravam para exibir as peculiaridades técnicas. Fora do evento, 30 carros foram colocados para circular continuamente na cidade suíça, algo que não se via desde que a Citroën espalhou modelos 5CV por Paris, na década de 1930.

No lançamento em Genebra, um recurso interessante: um carro cortado ao meio que girava sobre a plataforma, para exibir a nova concepção mecânica

O desenho do carrinho de 3,20 metros de comprimento e 1,38 m de largura, com distância entre eixos de 1,84 m, era simples e agradável. Predominavam as linhas curvas, como a traseira bem inclinada, algo semelhante à do Volkswagen, mas a frente era mais alta e definida que no modelo alemão. Frisos no painel frontal tentavam disfarçar a ausência de uma grade. As portas eram articuladas atrás, tipo conhecido como "suicida", e a ampla área envidraçada garantia um interior iluminado e boa visibilidade. Continua

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Data de publicação: 9/7/05

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