Foram produzidas 152 unidades, uma das quais para uso diário de Sergio Pininfarina. O carro, porém, não trazia o escudo da Ferrari no capô dianteiro, sendo vendido apenas com a marca Dino. O Comendador justificava-se como uma homenagem ao filho e projetista do motor, mas a atitude podia ser vista como uma forma de manter a aura dos Ferraris, ao evitar a associação de um modelo mais acessível à marca.

Em 1969 o Dino adotava um motor de 2,4 litros, com 15 cv adicionais, mas ganhava peso com a carroceria de aço e o bloco de ferro fundido

A segunda versão   Em 1969 o Salão de Genebra, na Suíça, lançava seu sucessor: o Dino 246 GT, em que o número apontava a cilindrada de 2,4 litros. Era seis centímetros maior que o 206, com 4,21 metros de comprimento, e tinha apenas 1,15 m de altura. Pesava 1.080 kg, importantes 180 kg a mais que o anterior, por causa do abandono do alumínio na construção da carroceria e do bloco do motor. As linhas vigorosas incluíam um capô curto, sem protuberâncias, inclinado e estreito. Abaixo dele só cabiam o estepe e a bateria. Visto de lado era muito bonito. Saía um vinco das portas, de forma cônica, que servia de entrada de ar para o motor central-traseiro e transversal.

O belo V6, agora Com 2.418 cm³, usava bloco em ferro, produzido nas fundições da Fiat — foi adotado também por ela em um carro esporte de mesmo nome, Dino, embora em posição dianteira. Tinha duplo comando de válvulas e três carburadores duplos Weber 40. Sua potência era de 195 cv a 7.600 rpm, e o torque máximo, de 23 m.kgf a 4.800 rpm. O novo Dino alcançava velocidade final de 240 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em sete segundos. Além de rápido, o som da admissão dos três carburadores era indescritível. O mesmo motor levou, anos depois, o imbatível Lancia Stratos a várias vitórias em provas de rali.

No interior do 246 GT, painel completo, volante esportivo e a grelha metálica para guiar a alavanca de câmbio, característica da marca

O 246 GT tinha a carroceria em aço com algumas partes em poliéster. Na traseira havia dois capôs, um para o motor (com acesso pouco confortável para manutenção) e outro para as bagagens, cujo espaço era razoável para um carro esporte. A visão deste ângulo era interessante, por causa das quatro lanternas circulares e dos quatro cano de escapamento, que anunciavam a potência. Instalado no posto do motorista, vendo os pára-lamas em destaque, tinha-se a sensação de estar dentro de um carro de corridas. Continua

Nas pistas
O motor desenhado por Dino Ferrari obteve vários sucessos nas pistas na década de 1960. Projetado para carros de Fórmula 2 em 1957, equipou os modelos vencedores da Targa Florio italiana em 1961 e 1962. A terceira geração, concebida por Carlo Chiti, permitiu à marca vencer o campeonato de construtores de Fórmula 1 em 1961 com o 156 F1, primeiro Ferrari de motor traseiro — belíssimo, por sinal.

Nos anos 60 foi usado em duas categorias. Os protótipos 206 SP e Dino 166 P (foto ao lado) competiram no Campeonato Mundial de Marcas. À exceção da taxa de compressão, bem mais alta, e da rotação máxima do motor, a parte mecânica era muito semelhante ao 246 GT de rua. Mas o carro pesava apenas 600 kg e era muito mais rápido. Pilotado por Lorenzo Bandini e Nino Vaccarella, ficou em quarto lugar na 1.000 Quilômetros de Nürburgring, na Alemanha, em 1965.

O Dino 166 F2, de Fórmula 2, tinha potência de 210 a 235 cv a 10.500 rpm, com três válvulas por cilindro e alimentado por injeção Lucas. O chassi era semi-monocoque e seu peso vazio era de 425 kg. Correu nas temporadas de 1968 e 1969, pilotado por grandes nomes como Chris Amon e Jacky Ickx. Amon ganhou na Tasmânia; o piloto italiano Vittorio Brambilla venceu em Hockenheim e em outras provas.

Homenagens e filantropia
Nenhum brasileiro se esquece de nomes como Tamburello, Piratella e Acqua Minerale. Estes nomes fazem parte de uma pista famosa na República de San Marino. O autódromo, que fica na cidade de Ímola, foi batizado como Autódromo Enzo e Dino Ferrari.

Em Milão, na Itália, fica a sede do Centro Dino Ferrari. Trata-se de um hospital de pesquisas especializado em doenças neuro-musculares e neuro-degenerativas. Nasceu da vontade do Comendador em 1984. Faz parte do Departamento de Ciência de Neurologia da Universidade de Milão. O presidente honorário hoje é Piero Ferrari.

A grandeza desse homem não se media só por seus magníficos carros, que encantaram e ainda encantam o mundo, mas também pela filantropia por uma causa humana.

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