Em nome do filho

Falecido ainda jovem, o homem que herdaria o império Ferrari
foi homenageado por um modelo mais acessível: o Dino

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Desde o final dos anos 40 a casa de Maranello encanta o mundo nas pistas com suas máquinas vermelhas. Na década seguinte elas passavam a ter versões de rua, adaptadas às estradas rápidas de toda a Europa. Nos modelos de pista, as atenções da fábrica convergiam para os Fórmulas 1 e 2 e os protótipos. Desenvolviam-se motores V12 para a F-1 e os protótipos e um V6 estreante para a F-2. Este V6 foi batizado como Dino, em homenagem ao único filho do comendador Enzo, cujo nome era Alfredo Enzo.

Nascido em Modena no dia 26 de março de 1932, "Alfredino" — daí o apelido reduzido — morreu precocemente em 30 de junho de 1956, devido a uma doença muscular degenerativa. Faleceu pouco antes de ver um motor com seu nome funcionando. Ele o tinha projetado. Tratava-se de um seis-cilindros em "V" de 1,5 litro, com duplo comando de válvulas, que seria usado em um carro de Fórmula 2 na temporada de 1957. Como o pai, Dino também era um fanático por automóveis e mecânica. Talentoso, seria o herdeiro que o Comendador desejava para dar continuidade a sua obra.

A primeira proposta, mostrada por Pininfarina em 1965, era de um cupê de linhas arredondadas e motor de 1,6 litro: o Dino 206 Berlinetta Speciale

Em 1964 começava um estudo, na famosa casa italiana Pininfarina, de um esportivo pequeno para a marca de Maranello, a pedido de Enzo. A intenção era produzir um Ferrari com preço mais acessível. No ano seguinte aparecia no Salão de Paris o carro-conceito Dino 206 Berlinetta Speciale (berlinetta é diminutivo de berlina, ou sedã em italiano, e corresponde a cupê naquele idioma). Desenhado por Aldo Brovarone, era um esportivo muito baixo, com linhas aerodinâmicas e um curioso  teto em forma de arco, composto pelas duas portas e seus vidros. Tinha o volante do lado direito e inspiração clara nos carros de pista. O motor de 1,6 litro usava lubrificação a cárter seco e dupla ignição. Hoje está exposto no Museu de Le Mans.

Uma evolução do primeiro modelo, com características mais urbanas, era atração do Salão de Turim de 1966. Com o nome Dino Berlinetta GT, ainda não estava no modo definitivo, mas já exibia formas esculturais, com pára-brisa bem inclinado e perfil esportivo. Foi feito sobre um chassi tubular de competição, com carroceria de alumínio construída pela competente empresa Scaglietti, em Modena. Tinha dois faróis circulares incrustados nos pára-lamas, pára-choques rentes à carroceria e muito finos e quatro pequenas entradas de ar retangulares de cada lado do capô. Uma ampla tampa traseira mostrava o motor, imponente.

O Dino 206 GT em versão final: desenho mais convencional, mas muito bonito, e motor V6 central-traseiro de 2,0 litros e 180 cv

Um ano depois era apresentado o Dino 206 GT (o número significava 2,0 litros e seis cilindros), versão definitiva para produção, ainda com carroceria de alumínio. O motor V6 traseiro, com bloco e cabeçote de alumínio, tinha cilindrada de 1.987 cm³, potência máxima (líquida) de 180 cv e torque de 19 m.kgf a 6.600 rpm. Desenvolvido pelo competente engenheiro Aurelio Lampredi, seu desempenho entusiasmava, pois o conjunto pesava apenas 900 kg. Em testes o esportivo atingiu 235 km/h, o que estava longe de ser comum na época — o mais potente Porsche de então, o 911 S de 160 cv, ficava atrás por 10 km/h. Continua

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Data de publicação: 1/10/05

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