Junto com um discreto redesenho de toda a linha 1950, o Coronet Diplomat acrescentava um cupê hardtop com vidro traseiro envolvente à já farta lista de versões de carroceria — moda iniciada com o Cadillac De Ville um ano antes. Para 1951, o painel de instrumentos quadrados cedia espaço para um velocímetro circular. Mas só a linha 1953 traria significativas mudanças, com um novo desenho bem mais arredondado e suave. Em relação ao estilo conhecido desde 1949, as maiores novidades eram a esperada integração dos pára-lamas traseiros ao corpo principal da carroceria, o pára-brisa inteiriço e o vidro traseiro envolvente.

O modelo 1953 estreava novo desenho, com pára-brisa inteiriço e pára-lamas traseiros integrados ao conjunto

A distância entre eixos era de 3,02 metros nos sedãs de duas e quatro portas — ainda assim 11 centímetros menor que no ano anterior — e de 2,89 m no cupê hardtop, no conversível e na perua. No capô vinha um ornamento em forma de cabeça de carneiro, símbolo que seria retomado no logotipo da marca a partir dos anos 80. O Coronet ainda trazia uma pequena entrada de ar acima da grade dianteira, sobre a qual vinha um "V" cromado. Sim, eram de fato dois indícios — dois anos à frente do lendário Chevrolet Bel Air — de uma considerável evolução mecânica para o modelo.

O Coronet 1953 estreava o novo motor V8 denominado Red Ram (carneiro vermelho), de 241,4 pol³ (3,95 litros), alimentado por um carburador de corpo duplo. A potência de 140 cv a 4.400 rpm e o torque de 30,4 m.kgf a 2.000 rpm eram bastante satisfatórios para seu tempo. O seis-cilindros de 103 cv prosseguia no Meadowbrook e só mais tarde naquele ano voltaria a equipar o Coronet. A transmissão opcional agora se chamava Gyro-Torque e dispunha de conversor de torque e seletor por dial. O bom desempenho do Coronet logo chamou a atenção dos competidores da Nascar, que o levaram a vitórias já no primeiro ano de produção (leia boxe abaixo).

Pequena coroa, grande motor: um V8 de 3,95 litros e 140 cv brutos revigorava o Coronet, junto do novo câmbio com conversor de torque

Em 1954 o Royal era o novo topo de linha, acima do Coronet. As alterações na linha Dodge resumiam-se a um aumento de 10 cv na potência para o V8 e 7 cv para o seis-cilindros. Ainda que mais potente, o Red Ram venceu todos os motores de oito cilindros no comparativo de economia Mobilgas Economy Run, com 25,4 milhas por galão (10,7 km/l). Com o novo câmbio automático PowerFlite, a oferta de itens de conforto ganhava notável avanço em conjunto com o ar-condicionado Airtemp e a direção assistida. Em seu quadragésimo aniversário, porém, a Dodge via suas vendas despencar a menos da metade. Continua

Nas pistas
Em 30 de maio de 1950 a Dodge participou de sua primeira corrida na Nascar, uma das mais tradicionais modalidades do automobilismo americano. Eram 29 corredores e Carl Wilkerson terminou em 25º na Canfield Motor Speedway. Levaria tempo até a equipe da marca ganhar algum destaque nesse campeonato: só em 1953, já dispondo do V8 Red Ram, a Dodge começou a ser levada a sério.

Seu Coronet de duas portas era cobiçado por vários pilotos. O primeiro título Grand National de Stock Car veio naquele ano, quando Lee Petty liderou as últimas 151 voltas até a vitória em West Palm Beach, na Florida. Em 1954, Petty vencia o primeiro campeonato Winston Cup da Mopar, a bordo de Chryslers e Dodges, alternadamente. Enquanto a Chrysler dominava a Nascar em 1955 e 1956 com o 300, num total de 47 vitórias ao longo das duas temporadas, a Dodge ficava em terceiro no ranking — e no topo de sua classe.

A Dodge também entrava na nova divisão para conversíveis da Nascar. Marvin Panch ganharia as 200 voltas de Montgomery, só a primeira das 10 vitórias da temporada. Ainda em 1956, além do recorde de velocidade para carros fechados em Bonneville, o D-500 batia o recorde da pista no campeonato de arrancada. Depois desse ano seguiu-se uma certa calmaria.

A volta do modelo em 1965 teve nas pistas seus maiores atrativos. Dirigindo um Coronet branco, identificado pelo número 3 e especialmente
elaborado pelo preparador de motores Ray Fox, Lee Roy Yarbrough completava a primeira volta a 288 km/h na história das corridas de Stock Car americanas, no Daytona International Speedway, em 26 de fevereiro, um novo recorde em circuito fechado. O carro trazia um Hemi de 426 pol³ (7,0 litros) superalimentado e com injeção eletrônica. O vencedor da Daytona 500 havia chegado a 273 km/h duas semanas antes.

Fox afirmou que ele poderia ter ido mais rápido, não fosse a bandeira preta que recebeu, já na terceira volta, pela fumaça aparentemente vinda do motor fundido. Na realidade, ela vinha dos pneus... O mal-entendido até se provou providencial quando a equipe encontrou um pino em um deles.

Os Coronets de arrancada daquele ano eram tão ariscos que foram banidos da NHRA (National Hot Rod Association). Somente seis foram produzidos para correr na AHCA (American Hot Rod Association). Pilotos como “Dandy” Dick Landy e Bud Faubel, este com seu “The Honker” (o buzinador), animavam as platéias com envenenados Dodges. O Coronet de Landy podia atingir o quarto de milha (400 m) em 10,2 segundos.

Com a chegada do musculoso Charger em 1966, baseado no Coronet, o foco das pistas passou ao modelo mais novo. O Charger, com seu estrondoso sucesso, veio também para comprovar a vocação esportiva do Coronet. Era fome de asfalto que não acabava mais.

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