Simpatia à francesa

Agradável de ver e dirigir, o Renault Clio acumula duas gerações
no Brasil e, na Europa, um currículo notável de versões esportivas

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

O segmento de carros pequenos é, de longa data, o forte da Renault. A empresa foi fundada em 1898 pelo industrial francês Louis Renault e seus irmãos Marcel e Fernand. Os dois primeiros logo passaram a competir com automóveis construídos por eles, mas Louis abandonou as corridas quando, em 1903, Marcel teve um acidente fatal em uma prova entre Paris e Madri (Espanha). A empresa manteve-se nas pistas, porém, e um modelo AK 90CV ganhava um Grande Prêmio em 1906. A produção regular de carros havia começado no ano anterior.

O primeiro compacto da marca foi o Juvaquatre, em 1937, já com suspensão dianteira independente e comando hidráulico dos freios. Dez anos mais tarde surgia o 4CV, com motor traseiro que lhe rendeu o apelido de "Rabo Quente" no Brasil. A essa época a Renault já havia se tornado estatal: a fábrica havia trabalhado para a Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial, o que levou em 1944 à prisão de Louis. Como ele morreu preso e não pôde preparar sua defesa, seus ativos industriais foram confiscados pelo governo.

A primeira geração do Clio: linhas suaves e de boa aerodinâmica, mecânica moderna, motores iniciais de 1,1 a 1,9 litro

Um pouco maior, a linha Dauphine/Gordini começou em 1956 e, três anos depois, marcou a estréia de modelos da marca francesa na fabricação nacional, pelas mãos da Willys-Overland. Em 1961 os europeus conheciam o R4, agora com motor e tração à frente. Bem mais tarde, em 1972, surgia o R5, um dois-volumes de conceito moderno que teve versões muito variadas, com potência de 34 a 160 cv. Mas, na segunda metade da década de 1980, apesar da evolução obtida com o Supercinq, o carro estava envelhecendo e um sucessor passou a ser preparado. A concorrência contava com adversários de peso, como Fiat Uno, Opel Corsa, Volkswagen Polo, Peugeot 205 e Ford Fiesta.

Pela primeira vez em muito tempo, um Renault não esportivo (o que exclui o Fuego) recebia um nome em vez de um número: Clio, como é conhecida a deusa da história na mitologia grega. O lançamento europeu ocorria em março de 1990 no Salão de Genebra. O carro não era exatamente belo, mas expressava simpatia com suas formas algo arredondadas, que pouco lembravam as do antecessor. Media 3,71 metros de comprimento, com um entreeixos amplo de 2,47 m, e tinha ótimo coeficiente aerodinâmico (Cx) para seu porte: 0,32.

Um interior funcional para o sucessor do Renault 5, o pequeno modelo de 1972 que, reformulado em 1985, teve quase duas décadas de sucesso

Quatro motores eram oferecidos de início: de 1.108 cm³ e 49 cv, de 1.390 cm³ e 80 cv (ambos a gasolina e com carburador), de 1.721 cm³ e 92 cv (com injeção) e de 1.870 cm³ e 65 cv (a diesel). Usava câmbios manuais de quatro e cinco marchas e pneus entre as medidas 145/70-13 e 165/60-14, conforme a versão. O peso variava de 810 a 905 kg. A suspensão dianteira era McPherson, mas a traseira seguia o tradicional conceito francês de rodas independentes, braços arrastados e barras de torção, que resultava em um conjunto compacto e eficiente. Continua

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Data de publicação: 7/1/06

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