A mecânica do novo Alfa conservava a imagem de inovação que notabilizou o JK. O motor de 2.310 cm³ era novo, mas mantinha o duplo comando, as câmaras de combustão hemisféricas e as válvulas de escapamento refrigeradas com sódio, introduzidos pelo JK. Com taxa de compressão de 7,5:1, a fábrica recomendava o uso de gasolina "azul", a de maior octanagem disponível na época. Diante da disponibilidade irregular desse combustível pelo País, optou-se por um tanque com capacidade de 100 litros, uma das maiores já vistas por aqui, o que trazia conveniente autonomia em viagens. E se tornaria um atributo especial anos depois, em tempos de postos fechados à noite e nos fins-de-semana (saiba mais).

O interior do modelo 1975: volante que imitava madeira, ar-condicionado e painel com
conta-giros, cujo ponteiro chegava à posição vertical no regime de potência máxima

Ainda pelo sistema de medição bruto, a potência atingia 140 cv e o torque 21 m.kgf. Com o câmbio de cinco marchas calculado para desempenho (velocidade máxima em quinta) e peso ao redor de 1.300 kg, o carro andava muito bem para a época: atingia 170 km/h e acelerava de 0 a 100 em 11,7 segundos, de acordo com a marca. Apesar da cilindrada bem menor, não ficava muito atrás dos brasileiros mais potentes, dotados de motores de seis e oito cilindros, como o Opala 4,1 e o Dodge Charger V8 5,2. A Alfa destacava que, a 135 km/h, o motor usava apenas 50% da potência disponível.

A carroceria usava o conceito de estrutura diferenciada, com zonas de deformação à frente e atrás que se comprimiam em colisões, absorvendo o impacto de que outro modo seria transmitido aos ocupantes. A grande rigidez à torção era outra qualidade. A coluna de direção tinha duas juntas universais, de modo a não comprimir o motorista em caso de impacto. E desde o início o 2300 possuía freios a disco nas quatro rodas, uma primazia entre os nacionais que se manteria exclusiva até o fim de sua produção — só em 1991, 17 anos depois, a GM os usaria no Diplomata!

A um tempo em que banco dianteiro inteiriço e alavanca de câmbio na coluna de direção eram comuns nos carros de luxo, o 2300 adotava o padrão esportivo de bancos individuais, com encostos de cabeça, e câmbio no assoalho

Seu concorrente mais próximo em status era o Landau, também muito luxuoso, mas adepto de uma filosofia diferente, com sua profusão de cromados, dimensões bem maiores, suspensão muito macia e motor com ênfase nas baixas rotações. Enquanto o Ford agradava mais aos adeptos da escola americana, com seus motores V8 de grande cilindrada (4,8 e mais tarde 4,95 litros), o Alfa tinha como alvo os que preferiam modelos europeus. Em preço, porém, o 2300 (Cr$ 45 mil no mês de lançamento) rivalizava diretamente com o Dodge Gran Sedan (Cr$ 49 mil) e o Opala Gran Luxo 4,1 (Cr$ 44,6 mil). O Galaxie 500 (Cr$ 60,6 mil) e o Landau (Cr$ 78,4 mil) custavam bem mais. Continua

Escritório móvel
No Salão do Automóvel de 1977 era apresentado o 2300 Executive, um estudo de como o Alfa poderia receber o máximo de itens de conforto e utilidade. Se por fora era quase igual ao modelo em produção (ganhava apenas pára-choques com cobertura plástica, que seriam adotados muitos anos depois), por dentro impressionava pelo requinte.

O revestimento dos bancos usava couro e camurça e os traseiros tinham reclinação elétrica — segundo a Alfa, inédita em termos mundiais. O ambiente era um escritório móvel com rádio faixa-do-cidadão, radiotelefone, televisor, geladeira com congelador, mesas retráteis, gravador e luz de leitura. O motor era o de 165 cv para exportação. Consta que o exemplar único do Executive teria sido destruído após o evento.

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