As letras da esportividade

A Chrysler produziu, de 1955 a 1965, uma série de potentes
cupês identificados por uma letra junto ao número 300

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Vários grandes carros da história surgiram da insistência de homens que, apaixonados pela técnica ou antevendo sucessos de mercado, fizeram mudar o cenário dentro dos fabricantes. O americano Robert MacGregor Rodger pode ser considerado um desses homens. Trabalhando na Chrysler desde 1938, foi membro da equipe que desenvolveu o primeiro motor Hemi, o famoso V8 com câmaras de combustão hemisféricas, lançado em 1951.

Dois anos depois, Rodger era o engenheiro chefe da divisão Chrysler. E percebeu que uma versão mais esportiva daquele motor, que vinha colecionando vitórias em Le Mans e nas provas de arrancada, poderia ser usada em um carro de rua. Com um comando de válvulas como o das pistas, taxa de compressão mais alta e dois carburadores de corpo quádruplo, seria possível desenvolver 300 cv de potência bruta sem prejuízo do comportamento suave necessário nessa utilização.

A carroceria do New Yorker, a frente do Imperial, a traseira do Windsor: a mistura de partes acabou harmonizando-se no desenho do primeiro 300, de 1955 (também no alto)

Mas a Chrysler simplesmente não produzia, na época, um automóvel adequado a esse perfil e tal patamar de potência. Rodger propôs que a empresa desenvolvesse um, idéia que esbarrou na falta de verbas. Assim, a solução foi juntar partes dos modelos em fabricação para criar o cupê hardtop que o engenheiro desejava: a carroceria básica do New Yorker de duas portas recebeu a frente do topo-de-linha Imperial e os pára-lamas traseiros do modelo Windsor. Virgil Exner, chefe de estilo da marca, deu o toque final ao substituir o excessivo pára-choque dianteiro do Imperial pelo do Chrysler básico. E assim surgiu o 300.

Líder em desempenho   Colocado no mercado em fevereiro de 1955, o Chrysler 300 era uma feliz combinação entre um estilo refinado, graças à semelhança com o sedã Imperial trazida pela frente, e o mais potente motor então disponível em um carro americano. Embora não trouxesse uma letra junto do número — alusivo à potência bruta —, o modelo inicial passaria à história como C-300, denominação que a própria marca hoje utiliza ao mencioná-lo.

No emblema entre as grades, a identificação do motor: 300 cv era a potência bruta daquele Hemi V8, enriquecido com os condimentos certos

Tinha um estilo suave, mas com um toque de esportividade. Na frente, destacavam-se os dois faróis circulares e a dupla grade, com um emblema do modelo entre as seções. O pára-brisa e o vidro traseiro eram bem envolventes, tendência da época, e os pára-lamas de trás terminavam em discretas aletas, onde um aplique cromado servia de moldura para as lanternas. Apenas três cores eram oferecidas: branco, preto e vermelho. Com revestimento dos bancos em couro de série, era um cupê requintado e confortável. Continua

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Data de publicação: 17/9/05

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