Japonês, naturalizado americano

Depois do êxito do Civic, a Honda investiu em um modelo
maior: o Accord, que se tornou grande sucesso nos EUA

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Se o leitor pensar em um símbolo da invasão japonesa ao mercado de automóveis dos Estados Unidos, há grande chance de chegar ao Honda Accord. Nas últimas quase três décadas, o sedã médio-grande da marca fundada em 1948 por Soichiro Honda conquistou uma crescente legião de adeptos, assumiu a liderança de vendas entre carros de passeio naquele país e ganhou cidadania americana, ao passar a ser fabricado localmente.

Os EUA viviam um momento difícil em meados da década de 1970. A primeira crise do petróleo, em 1973, havia forçado fabricantes e compradores a repensar seus padrões de conforto e desempenho. Era preciso reduzir o tamanho, o peso e a potência dos automóveis para poupar combustível: havia começado o embargo de fornecimento de petróleo aos EUA por parte dos países do Opep. Marcas como Toyota (com o Corolla) e Honda (com o Civic, introduzido em 1973 no país) colhiam frutos da situação, ao oferecer carros pequenos de projeto moderno, com alta qualidade de construção e a tão desejada economia.

O primeiro Accord em nada se parece com o atual: era um hatch de três portas, com apenas 4,1 metros de comprimento e motor 1,6-litro de 68 cv

Mas era difícil convencer parte do público, habituada a automóveis grandes, a fazer tamanha concessão. Um carro maior que partilhasse as qualidades daqueles modelos pequenos seria perfeito — e assim chegava aos EUA o Accord, em 1976, no mesmo ano de seu lançamento no Japão. Como sua carreira na América é mais relevante que no próprio país de origem, é nessa versão o foco deste artigo (leia nos boxes sobre os modelos japonês e europeu).

Como a maioria dos automóveis, o Accord nasceu bem diferente do modo que o conhecemos hoje: era um hatchback de três portas, com distância entre eixos de apenas 2,38 metros (como em um Palio), comprimento de 4,12 m, peso de 870 kg, motor transversal, tração dianteira e linhas simples e discretas. Alguns elementos de sucesso atuais já estavam presentes: bons acabamento e qualidade, painel e comandos funcionais, bancos confortáveis, câmbio de cinco marchas com fácil operação — e opção por um automático de apenas duas marchas.

Já em 1979 o modelo começava a crescer: chegava o sedã de quatro portas

O motor de 1,6 litro desenvolvia modestos 68 cv e, graças à tecnologia CVCC, não precisava de catalisador nem do uso de gasolina sem chumbo para atender às normas de emissões poluentes dos EUA. Disponível no Civic desde o ano anterior, o CVCC (Controlled Vortex Combustion Chamber, câmara de combustão com turbilhonamento controlado) consistia em um projeto de cabeçote para favorecer a queima da mistura ar-combustível. Continua

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Data de publicação: 20/3/04

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