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Por fim, a vantagem de usar o câmbio mais longo é desfrutar de rotações mais baixas, menor nível de ruído e consumo inferior para uma mesma velocidade. Em contrapartida, o câmbio mais curto traz retomadas mais rápidas em uma mesma marcha. O câmbio do Marea Turbo é também mais reforçado e já vem com embreagem e platô capazes de suportar o torque do motor. O proprietário deve pesar tudo isso contra o custo, já que as mudanças em desempenho não são expressivas.

As curvas de torque estimadas para o Brava HGT original (em azul); com motor do Marea Turbo 2.0 (em roxo); com turbo  a 0,5 kg/cm² e intercooler (em verde); e com turbo a 1,2 kg/cm², intercooler  e álcool (em vermelho)

O motor do Marea Turbo realmente trabalha com pressões mais baixas em condições de uso menos severas. Esse recurso é comum hoje, em que a eletrônica comanda a pressão do turbo, sendo esta também uma variável mapeada. Na verdade, pode-se notar uma variação contínua da pressão com a carga (abertura da borboleta de aceleração), rotação e condições de operação.

Na rotação de potência máxima, a pressão dificilmente chega aos 1,2 kg/cm². Esta pressão é mais usada em condições de retomada nas rotações intermediárias. Para a rotação máxima, a pressão fica normalmente entre 0,6 e 0,8 kg/cm², mesmo com o "pé embaixo". 

Sem "transplante"   A opção contra a troca do motor é preparar o 1,75-litro do Brava. Como os leitores mais assíduos já devem estar imaginando, os resultados serão bem melhores, pois se trata de um motor desenvolvido para rodar naturalmente aspirado, com comandos mais bravos, taxa de compressão mais alta e fluxos mais rápidos. Quando se sobrealimenta um motor com essas características, facilmente se obtém alta potência.

Os fabricantes, por outro lado, aproveitam a sobrealimentação para baixar os regimes de giros, obtendo menos potência, mas conseguindo um motor mais suave e adaptado ao trânsito.

No caso do Marea Turbo essa diferença fica ainda maior, pois a programação limita a potência. Esse motor chegaria facilmente a 220 cv (como o Coupé turbo europeu; saiba mais) com as mesmas pressões de operação, mas no Brasil fica limitado a 182 cv. A Fiat escolheu isso para não ter de dotar o Marea de reforços e recursos de segurança extensos e caros, pois a proposta do carro não é de esportivo puro.

Observando mais uma vez a tabela de simulação, nota-se que o motor do Brava preparado com apenas 0,5 kg/cm² já alcança uma potência levemente superior a do 2,0 do Marea Turbo. Chega a assustar: o motor do Marea chega a usar 1,2 kg/cm² para conseguir 182 cv, e o do Brava consegue isso com só 0,5 kg/cm²! 

Qual a explicação? Percebe-se que os regimes de rotação são bem mais elevados para o motor do Brava, em especial os de torque. Observe, nas curvas de torque e potência, como os pontos elevados das curvas roxas são mais deslocados para a esquerda, revelando regimes de rotações mais baixos. Até 6.000 rpm o Marea Turbo rende mais que o Brava 1,75 preparado, tanto em torque como em potência.

O valor de torque máximo obtido com a preparação do motor do Brava também é menor que o original do Marea. Isso, aliado à configuração dos regimes de rotação, leva à conclusão de que será bem mais fácil dirigir o carro com o motor do Marea.

Aplicar um turbocompressor ao motor de 1,75 litro do Brava HGT requer cuidados especiais e mão-de-obra capacitada, mas o resultado pode ser surpreendente

De qualquer forma, para realizar uma preparação turbo no motor do HGT, o maior empecilho será conciliar a alta taxa de compressão (10,3:1) com o uso do turbo para evitar detonação. Para apenas 0,5 kg/cm² deve-se manter ainda gasolina como combustível, apesar de muitos preparadores recomendarem o contrário. A detonação será contornada com atraso na curva de ignição e com um bom resfriador de ar (intercooler) bem instalado.

A adaptação da injeção pode ser feita com remapeamento ou com caixas de gerenciamento paralelo. Manter o uso da gasolina permitirá desfrutar de um carro mais ágil antes da entrada do turbo -- característica crucial, levando em conta que se trata de um motor que só "acorda" em alta rotação. O segredo do sucesso, aqui, está na boa aplicação da eletrônica na regulagem. Nada de misturas ricas demais ou de ponto de ignição muito atrasado, muito menos alimentação insuficiente ou ignição sem atraso, pois neste caso ocorrerá detonação na certa.

Enfim, é melhor desistir de preparar o motor do Brava e colocar o motor do Marea Turbo? Afinal, para que enfrentar toda essa complicação? Bem, isso começa a ficar interessante quando se pensa... se o Marea usa 1,2 kg/cm², como ficaria isso no Brava? Continua

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