por Iran Cartaxo Gol perde a injeção e retorna ao Consultório com 1,5 kg/cm2
|
||
|
||
Os problemas enfrentados
anteriormente -- por você e por muitos outros que
recorrem a nós --, com a adaptação de uma preparação
à injeção, se dão principalmente pela falta de
experiência, equipamentos apropriados e conhecimento dos
preparadores, e não porque a injeção seja pior ou
inadequada para uso com turbo ou numa preparação
aspirada. Na realidade trata-se de um sistema melhor e
com o qual sempre se consegue melhor rendimento,
potência e torque, qualquer que seja a configuração da
preparação, pois ela dá muito mais controle ao
preparador sobre as funções do motor. Por isso, no Best
Cars sempre condenamos a substituição do sistema
eletrônico pelo carburador, não importa o veneno --
aspirado, nitro ou turbo -- ou a pressão de turbo usada. Como no Brasil se tem uma larga experiência com carburadores, inclusive em preparações turbo, e pouca experiência com injeção, acabou surgindo a lenda de que carro com injeção não serve para ser preparado e que ela deve ser removida para uma preparação mais forte. Se falarmos em turbo para carros carburados para preparadores europeus ou norte-americanos, ouviremos a resposta de que isso não funciona bem, de que traz muitos problemas e, por incrível que pareça, se seu carro for carburado eles vão recomendar a instalação de injeção antes de turbinar. Eles deveriam vir ao Brasil verificar nossa criatividade e constatar que turbo em carros carburados também dá certo... Mesmo assim a injeção é um sistema superior e deve ser preferido, mesmo em preparações pesadas. Considerando uma preparação turbo em carro carburado, a sua preparação tem um nível técnico elevado. A instalação de uma sonda lambda para acompanhar a evolução da mistura revela um certo preciosismo muito bem-vindo de seu preparador. A pressão escolhida para trabalhar com álcool, usando a taxa do carro a gasolina, também foi acertada: revela um casamento próximo do ideal entre taxa, combustível e pressão do turbo. Sendo assim, desconsiderando que a injeção foi retirada, a preparação carburada feita pode ser classificada como boa. Contudo, duas falhas maiores estão presentes -- e podem ser facilmente resolvidas. A primeira é o carburador escolhido: um 3E ou carburador de tamanho equivalente desempenharia papel bem melhor que o 2E atualmente usado. A segunda é a falta de um intercooler: para esta pressão, mesmo usando álcool como combustível, ele beneficiaria tremendamente a preparação, propiciando mais potência, torque e permitindo uma regulagem de ponto de ignição mais agressiva, e nem por isso menos econômica. O problema das partidas com o carro frio pode ser resolvido restabelecendo os sistemas de aquecimento da mistura em carros a álcool carburados, geralmente inibidos nestas preparações, como a válvula Thermac. Esses sistemas só entram em funcionamento com o carro frio, não prejudicando portanto a preparação. Um bom mecânico pode adaptar esses sistemas sem dificuldades às novas configurações mecânicas impostas pelo turbo. Uma boa regulagem da mistura e do ponto iniciais, assim como uma verificação dos sistemas de alimentação a frio (como o afogador), devem ajudar bastante também. Importante é não tolerar um comportamento desconfortável de seu carro preparado, e exigir a solução do problema. Claro que, se a injeção tivesse sido mantida, esses problemas de partida dificilmente aconteceriam, pois a injeção lida com estes momentos cruciais muito melhor que um carburador. Veja como se comporta atualmente seu carro, como ele se comportaria com o 3E e o intercooler para a mesma pressão usada atualmente, e como seria se tivesse mantido a injeção com um intercooler, ainda para a mesma pressão usada atualmente: |
|
Dados
interessantes, e que merecem uma consideração à parte,
são os fornecidos pela sonda lambda. Esse é um
instrumento importante, que facilita bastante a regulagem
e o controle da mistura. Em nossa opinião, cada carro
preparado deveria contar com a regulagem através dos
dados fornecidos por uma sonda lambda, pelo menos durante
o acerto da preparação. Se possível, seria conveniente
que o motorista contasse com um instrumento de painel,
como um multímetro, para acompanhar sempre a evolução
da qualidade da queima e da mistura -- como foi feito em
seu carro, Cleiton. Analisando os dados das medidas da sonda informados na consulta, podemos descer a um nível mais fino de diagnóstico e afirmar que realmente o carburador 2E não está dando conta de cumprir seu papel em alguns regimes de rotação, apesar de fazê-lo nos regimes de alta. Esta é uma das vantagens do uso da sonda: poder fazer um diagnóstico de todos os regimes de rotação, e não só dos regimes extremos. Em regimes intermediários, o carburador 2E não está alimentando bem seu motor, o que resulta em um comportamento voltado para a economia e não para o maior desempenho. A mistura está ficando abaixo da indicada para melhor aproveitamento do oxigênio presente na câmara, aproveitando bem o combustível mas deixando de produzir toda a potência que poderia. Em alguns momentos a mistura chega a ficar claramente pobre, exatamente nos regimes nos quais se exige mais resposta do carburador -- é onde o 2E sofre. Ou seja, com o pé embaixo, em rotações intermediárias, onde a medida é entre 0,500 e 0,700 volts. A zona ideal para tirar o máximo de potência de um carro a álcool carburado é onde a medida da sonda fica entre 920 e 960 volts -- isto é, com a mistura um pouco rica, exatamente na faixa onde se consome o máximo do oxigênio presente na câmara e se obtém o máximo de potência. Se você quer potência e respostas rápidas em retomadas e acelerações, esta deve ser a medida obtida em todas as faixas de rotação e condições de uso. |
||
|
||
Entre 750 e
850 volts se está na faixa de economia, onde o
combustível é aproveitado ao máximo, mas não se usa
todo o oxigênio admitido pelo motor. A troca do
carburador por um 3E ou equivalente deve resolver
definitivamente esse detalhe, e trazer o desempenho
máximo para seu carro carburado. Caso pretenda voltar à injeção e usar ainda 1,5 kg/cm², o álcool pode ser mantido como combustível, os bicos injetores usados deverão ser os equivalentes para álcool e deve-se remapear a injeção ou usar uma caixa extra, para proceder as mudanças de ponto de ignição e de injeção de combustível. Mas para tal pressão provavelmente será preciso usar bicos de maior vazão, ou de preferência bicos adicionais, para que em regimes nos quais o turbo não está operando os bicos equivalentes aos originais a álcool façam a alimentação, sem que se recorra a bicos de maior vazão regulados com um tempo de abertura muito reduzido. Lembramos que os todos os demais sistemas do carro -- suspensão, freios, rodas, pneus, câmbio e até chassi -- devem ser adequados ao novo comportamento do motor, para garantir sempre o bom comportamento dinâmico geral do carro e, principalmente, a segurança. |
||
Consultório de Preparação - Página principal - e-mail
|