Consultório de Preparação
por Iran Cartaxo
Calibra com turbo, ainda
mais potente
Gostaria de saber quanto de potência
iria ganhar se colocasse turbo no Calibra e qual seria a
estimativa de rendimento, aceleração e velocidade final.
Armando De Capua
acapua@uninet.com.br
A maior dificuldade de uma preparação no Calibra está em
encontrar kits de veneno para este motor. Como já se trata de um
carro muito potente, seus proprietários raramente procuram as
oficinas de preparação, o que levanta pouco interesse dos
preparadores em desenvolver receitas.
A preparação com turbo é realmente a melhor escolha para o
Calibra. Embora tenha equipado o Vectra GSi de primeira
geração, seu motor era importado e foi vendido por um curto
período de tempo, o que resulta em grande dificuldade de
encontrar um veneno aspirado. As peças teriam de ser importadas,
o que traria um custo elevado; além disso este motor possui alta
potência específica (75 cv/litro) e por isso dispõe de um
torque reduzido em baixa rotação. Com a aplicação do veneno
aspirado, perderia ainda mais torque, o que pode prejudicar a
dirigibilidade no trânsito.
As curvas de potência (as mais altas) e de torque estimadas para o Calibra original (em azul), com turbo a 0,4 kg/cm2 (em verde) e com turbo a 0,8 kg/cm2 (em vermelho)
Clique aqui para ver as curvas de potência e torque ampliadas
A adaptação do turbo neste motor é bastante viável, sem a
necessidade de importação de peças, pois as boas lojas estão
capacitadas tanto a desenvolver um kit sob encomenda, com coletor
de escape e tampa de pressurização apropriados, como a realizar
o remapeamento, necessário para ajustar a injeção ao turbo.
Outras vantagens do turbo são as de não alterar o regime de
rotação do motor e de aumentar em muito o torque, o que vai
tornar a direção do Calibra ainda mais agradável.
O maior problema na adaptação do turbo será evitar a
detonação. Como ele possui uma taxa de compressão bastante
elevada, 10,5:1, será preciso muito cuidado na refrigeração do
ar admitido e na regulagem da curva de ponto de ignição, a fim
de manter a taxa original (reduzi-la traria prejuízos ao torque
e ao consumo, além de dificultar a reversão do veneno na hora
da venda). Deste modo é muito recomendável o uso do
intercooler, mesmo para pressões mais baixas, pois ele vai
proteger o motor contra a detonação e ainda elevar a potência
fornecida.
Simulamos para seu carro a adaptação de turbo com intercooler e
pressão de 0,4 kg/cm2; e de
turbo com intercooler, 0,8 kg/cm2
e redução da taxa de compressão em 1 ponto, para afastar o
risco de detonação. Veja o desempenho estimado:
Original | Turbo a 0,4 kg/cm2 | Turbo a 0,8 kg/cm2 | |
Potência máxima | 150 cv | 216 cv | 277 cv |
Rotação de potência máxima | 6000 rpm | 6000 rpm | 5900 rpm |
Velocidade máxima | 221 km/h | 250 km/h | 271 km/h |
Rotação à velocidade máxima | 6020 rpm | 6800 rpm | 7380 rpm |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 8,8 s | 6,5 s | 5,2 s |
Torque máximo | 20,0 mkgf | 28,8 mkgf | 36,9 mkgf |
Rotação de torque máximo | 4600 rpm | 4600 rpm | 4500 rpm |
Alongamento recomendado na relação de transmissão | - | 13,4 % | 24,7 % |
Aumento recomendado na injeção de combustível | - | 33,3 % | 66,7 % |
Aceleração longitudinal no interior do veículo | 0,71 g | 1,02 g | 1,30 g |
A margem de erro é de 5% (para cima ou para baixo), considerando-se instalação bem-feita. Calculamos a aceleração de 0 a 100 km/h e a aceleração longitudinal máxima (sentida no interior do automóvel) a partir da eficiência de transmissão de potência ao solo do carro original. Para atingir os resultados estimados pode ser necessária a recalibragem da suspensão, reforços no monobloco e/ou o emprego de pneus mais largos. A velocidade máxima estimada só será atingida com o ajuste recomendado da relação final de transmissão. Os resultados de velocidade são para velocidade real, sem considerar eventual erro do velocímetro. A rotação à velocidade máxima é calculada considerando a relação atual de transmissão. |
Algoritmo de
simulação de preparação de motores desenvolvido pelo
consultor Iran Cartaxo, de Brasília, DF. |
Qualquer que seja a pressão escolhida, o uso de turbo implicará
alongamento da transmissão, que vem calculada com precisão no
carro original para "casar" as rotações de potência
e velocidade máximas. O uso de um câmbio dos antigos Vectra GLS
e CD, com quinta marcha de relação 0,71 (a do Calibra e Vectra
GSi tem 0,89), alongaria a relação dessa marcha em 20,3%, o que
atende razoavelmente às necessidades de ambas as preparações
simuladas. O equilíbrio do carro original dificilmente será
obtido com o aproveitamento de engrenagens de fábrica.
Com essa preparação o Calibra apresentará desempenho bem mais
condizente com seu estilo agressivo, tornando-se capaz de
surpreender esportivos de renome. Entre eles, o Mitsubishi
Eclipse, cujas receitas de preparação você lê clicando aqui.