Descobrindo os sedãs pequenos

Eles cresceram em qualidades e no mercado. Agora, os três-volumes de motor 1,0 16V da GM, Fiat e Renault medem forças

Depois de várias tentativas de pouco sucesso -- quem não se lembra do Prêmio e do Voyage? --, os modelos pequenos de três volumes começam a acertar o passo no Brasil: estão mais elegantes, oferecem ótimos porta-malas e, muito importante, as versões de 1,0 litro que o mercado tanto procura. A ascensão de vendas fica evidente no crescimento do Siena e no fato de o Corsa Sedan ter superado o hatchback no mercado nos últimos meses.

Dos cinco maiores fabricantes, apenas a Ford está ausente desse segmento, mas por pouco tempo: no segundo semestre traz do México o Fiesta três-volumes. A Volkswagen tem o Polo Classic, prejudicado pela ausência de versão 1,0. Restam, portanto, três opções similares em porte, potência e preço -- os famosos "três P" que viabilizam um comparativo: Corsa Sedan Super, da Chevrolet; Clio Sedan RT, da Renault; e Siena ELX, da Fiat, todos com motor 1,0 de 16 válvulas.

Corsa e Siena custam quase o mesmo: R$ 20.313 e R$ 20.757, nesta ordem. O Clio sai por R$ 24.490, diferença considerável, mas plenamente justificada pelos itens de série da versão RT, que nos concorrentes são cobrados à parte ou mesmo não-disponíveis (veja relação de equipamentos e opcionais). Completos, eles chegam a R$ 25.020 o Clio, R$ 28.284 o Siena e R$ 31.030 o Corsa, ou seja, a ordem de preço se inverte.

• Concepção e estilo
• Conforto e conveniência
• Mecânica, comportamento e segurança
• Custo-benefício
• Comentário técnico

• Equipamentos de série e opcionais
• Nossas notas
• Ficha técnica
• Desempenho e consumo
• Garantia e assistência

Apesar das diferentes origens, os três têm em comum o fato de não existirem no mercado europeu. O mais antigo, o Corsa, foi desenvolvido no Brasil a partir da carroceria básica do Corsa alemão de segunda geração, lançado lá em 1993. Depois surgiu o Palio, em 1996, com desenho italiano (estúdio I.DE.A) específico para países emergentes, originando no ano seguinte o Siena. Por fim, o Clio Sedan é um projeto da marca na Turquia com base no hatchback francês de 1998.

Apenas o Fiat sofreu reestilização desde seu surgimento: novas frente e traseira, elaboradas por Giugiaro, obtiveram ótimo resultado no sedã, talvez o modelo da família que mais se beneficiou. O Siena ganhou uma traseira robusta e harmoniosa com o restante do conjunto, que permanece atual. O que o prejudica, nesta versão de 1,0 litro, é a opção por reduzidos pneus 165/70 em rodas de 13 pol -- o próprio Palio ELX hatch, com o mesmo motor, oferece rodas de 14 pol com pneus 175/65, que ajudam muito a "preencher" as linhas das laterais.

Sem a mesma atualidade do Fiat, o Corsa Sedan agrada pelo equilíbrio de linhas, revelando um bom trabalho da GM do Brasil. É um caso raro de sedã que não parece mera adaptação de um hatch -- mas os retoques sutis efetuados nos últimos anos, como faróis, lanternas e pára-choques, não escondem as rugas que começam a surgir. A GM sabe disso e não deve demorar muito a lançar seu sucessor, derivado da terceira geração do hatchback (saiba mais sobre esse segredo).

De outro lado, o Clio revela modernidade, mas com um estilo bastante polêmico. Se a frente com enormes faróis já provoca divergências (está sendo reestilizada na Europa; saiba mais), a traseira consegue agradar a muito poucos, deixando evidente o acréscimo de um grande porta-malas ao desenho original de dois volumes. Mesmo auxiliado pelas rodas de 14 pol (que são opcionais no Corsa), o Renault deixa a desejar em harmonia de linhas. Continua