Num processo comum a
todos os clubes e interessados em veículos antigos, baseado em
interesse, boa vontade e disposição escoteira de fazer o melhor
possível, o Veteran Car Club de Minas Gerais chegou ao ponto máximo já
atingido no Brasil para a realização de um encontro de
antigomobilistas. Foi com o Brazil Classics Fiat Show, na estância
hidrotermal de Araxá, MG.
O clube optou por qualidade, resumindo a 250 participantes. Acabou
recebendo 280 inscritos. Estabeleceu dois temas para reunir veículos:
veículos de representação e esportivos. E aproveitou o apoio da Fiat
Automóveis, que bancou metade da festa e teve participação
profissional, o que incluiu a presença do superintendente e dois
diretores.
Deu destaque ao Rolls-Royce Silver Wraith com carroceria Mulliner, o
mais conhecido e reverenciado dos carros antigos no Brasil, melhor
identificado como O Carro do Presidente. O automóvel foi cedido pelo
Palácio do Planalto, cercado por dissimulado esquema de segurança,
segurado. Foi a atração principal e serviu para duas demonstrações
claras: a ligação entre governo e povo, e a expressão de ser o melhor
cuidado dos bens históricos nacionais, refulgente em seus 51 anos de
idade, e possivelmente o carro presidencial mais antigo em utilização
em todo o mundo.
O VCC aproveitou a invejável distribuição espacial, a imponência da
fachada do Grande Hotel e a qualidade dos veículos presentes para
estruturar uma exposição nunca vista, não só pela raridade, mas também
pela novidade, pois muitos dos veículos presentes estavam vindo a
conhecimento público pela primeira vez, fosse pelo fato de serem
recém-importados — veículos estrangeiros com mais de 30 anos podem ser
trazidos para fins de coleção —, fosse por pertencer a museus, sem
nunca ter ido a outros pontos.
Nestes
casos estavam o Cadillac 1930 Town Sedan do colecionador mineiro
Antônio Wagner, o De Dion-Bouton, com 102 anos de idade; e o Delahaye
1912 do Museu Mattarazo, em Bebedouro, SP. No leque de esportivos, um
grupamento de Mercedes SL, todas em cinza-Mercedes, foi oportunidade
pouco vista no mundo do automóvel. O FNM Onça, tido como extinto, foi
mostrado após restauração — e seu ineditismo provocou a descoberta de
outra unidade, agora a terceira de um universo de meia dúzia.
Sob o aspecto de oferecer retorno aos patrocinadores locais —
Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, Bunge Fertilizantes, a
Prefeitura de Araxá e a Fiat —, a excelência do evento, perfeito em
detalhes, elegante, correto, cumpriu finalidades. A imagem dos
apoiadores ficou claramente identificada, para participantes e para os
habitantes da cidade e vizinhança, como empresas apegadas à cultura,
história e preservação. |