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Carros do Passado

Extrato da perfeição

Nos anos 70 nascia o Lancia Stratos, o esportivo
que gostava de neve, chuva, lama e terra

Texto: Francis Castaings - Edição: Fabrício Samahá

A obra-prima do estúdio Bertone para os ralis veio da inspiração de um carro futurista -- a ponto de ainda hoje impressionar pelo arrojo ---, apresentado no Salão de Turim de 1970 pelo renomado estúdio italiano. O Bertone Stratos parecia vir dos filmes de ficção cientifica. Seus dois ocupantes ficavam quase deitados e a porta de acesso era a própria armação do pára-brisa -- ou seja, não havia portas laterais.

Projetado para substituir o Lancia Fulvia nas pistas, o Stratos não só cumpriu seu objetivo. Superou o antecessor e foi um grande campeão
A visão lateral, composta de duas janelas retangulares, era bem limitada. O capô traseiro de uma só peça, que abrigava o motor, tinha forma de um triângulo eqüilátero, todo frisado, fazendo vários triângulos menores em relevos diferentes. Um carro de linhas radicais, de excelente aerodinâmica, obra de Marcello Gandini -- autor de modelos especiais como o Alfa Carabo, anos antes, e os Lamborghinis Miura, Countach e Diablo.

Dessas linhas do carro do futuro nasceu um vencedor das piores estradas, fossem de terra, neve, lama ou tudo isso junto: o Lancia Stratos, que teria acrescentado ao nome, mais tarde, a denominação HF. O chassi era de Bertone, fabricado na cidade italiana de Grugliasco, e o motor da Lancia, herdado do Fulvia (na rara configuração de quatro cilindros em V), ocupando a posição central.

Marcello Gandini, projetista de Alfa e Lamborghini, criou o Stratos de Bertone, um protótipo ousado que inspirou o Stratos da Lancia

Nesta época a Lancia já pertencia ao grupo Fiat e o motor, originalmente envenenado para obter 160 cv, foi trocado depois por um V6 de duplo comando de válvulas originário do Ferrari Dino 246 GT (leia sua história). Este motor no Lancia rendia mais, por este carro ser 200 kg mais leve do que o Dino. O Stratos deu início a uma estirpe de carros de rali, como o Audi Quattro, Peugeot 205 T16 e mais tarde, da mesma fábrica, o Lancia Delta S4.

A Lancia sempre teve tradição em ralis e queria substituir o Fulvia, que era um sucesso indubitável. A carreira deste já estava no fim e ameaçada por concorrentes fortes como o Porsche 911 e o Alpine A110. O Stratos chegou e esteve à altura -- ou melhor, ultrapassou seu antecessor.

Um caso raro em que a versão de competição nasceu primeiro: a de rua só veio para
obter homologação da FIA. Mas o Stratos não fez sucesso em corridas de asfalto

Foi anunciado em 1971 mas só entrou em produção em série, para homologação na FIA, em 1974. Era um pré-requisito para correr na categoria Grupo IV. Então foram fabricados 500 exemplares (há quem duvide desse número, que na verdade estaria entre 450 e 490 carros) para ganhar as ruas. Mas fez sua estréia na pista antes.

Suas vendas para o público não foram boas. Até 1978 as versões de rua Stradalle que não foram vendidas, podiam ser vistas no pátio da fábrica Bertone, em Grugliasco. Não alcançaram sucesso comercial por causa de restrições de segurança em alguns países europeus (crash-tests duvidosos, de pouca conclusão, e vidro traseira no formato de persianas). O interior era muito quente e barulhento, o porta-malas pequeno e os vidros das portas eram de correr. Esses detalhes deixavam seu uso restrito para o dia-a-dia.

Algumas versões de rali recebiam quatro faróis auxiliares, em apoio aos dois escamoteáveis e dois de milha do modelo original

O pára-brisa era bastante inclinado, largo, grande e envolvente, em semicírculo, com um só limpador na versão definitiva. Apesar disso, a visibilidade frontal era ótima, a lateral razoável e a traseira bastante precária. A carroceria, de ótima aerodinâmica, vinha dividida em três peças: dois capôs imensos, dianteiro e traseiro, em poliéster e cabine. O acesso ao motor era ótimo, graças ao enorme ângulo de abertura. As portas eram muito grossas e por dentro tinham espaço reservado para os capacetes. Inusitado.

Esta carroceria misturava chapas de aço, que faziam parte do chassi, e fibra de vidro (frente, portas e capô traseiro). Do desenho na prancheta ao modelo de série, o carro foi muito pouco modificado. Seu estilo era inconfundível, próprio. Um carro muito bonito, com desenho bem avançado para a época.

Com o passar do tempo o motor V6 ganhou potência: de 160 para 245 cv -- na versão de rua

Os faróis escamoteáveis sobre o capô, que tinha quatro seções de entrada de ar, contavam com a ajuda de mais dois de milha ladeando a grade. Em algumas versões de rali ganhava mais quatro redondos, enormes. Na traseira as lanternas eram redondas e amplas. No teto, um pequeno aerofólio canalizava o ar sobre a tampa do motor e para o aerofólio traseiro, garantindo mais estabilidade. Nos primeiros modelos estes artefatos não estavam disponíveis. Continua

Em escala
A Bburago fez uma bela miniatura em 1/24, cheia de detalhes, nos anos 80. A decoração é do patrocinador Marlboro e a cor de fundo é vermelha. Portas e capô traseiro se abrem e as rodas esterçam.
Para ler
Lancia Stratos
Série Super Profile
Autor: G. Robson
56 páginas
90 fotos em cores e preto e branco

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