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Carros do Passado

A Ferrari e seu campo
gravitacional - II

Enzo Ferrari, Renzo Rivolta e o Iso Grifo A3/L

Renzo Rivolta começou com geladeiras, mas construiu
carros-esporte de qualidade e conforto respeitáveis

Texto: Paulus Hanser de Freitas - Fotos: divulgação

O belo GT italiano cruzava a autostrada calmamente, desenvolvendo boa velocidade. O ano era 1962. Dirigindo o GT de quatro lugares, um jovem rapaz, impecavelmente vestido; a seu lado, uma senhora também muito elegante. Monitorando o tráfego, o motorista distinguiu ao longe o inconfundível derrière de um Ferrari 400 GT Superamerica. Seu pé, então, foi gradualmente se tornando mais pesado. A senhora a seu lado continuava impassível.

Quando o trânsito fez o Ferrari diminuir a velocidade, o GT alcançou-o e deu sinal com os faróis de que desejava ultrapassar. O veículo que "segurava" o Ferrari saiu para a direita e então, ao mesmo tempo em que o GT freava para igualar velocidade com ele, ouviu-se claramente o ronco grave do V12 "bloco-grande" do carro na frente aumentar violentamente: o motorista do Ferrari havia "cravado o pé". Colado na traseira, nosso amigo disse para a senhora a seu lado: "Esse não vai ser fácil!", ao mesmo tempo que acelerava tudo que podia.

Renzo Rivolta, o fundador da marca: de início geladeiras, depois motos e pequenos utilitários, até chegar aos carros-esporte -- como o Iso Grifo A3/L, no alto -- que o tornaram famoso

Não ia mesmo... O Superamerica era o rei das estradas na época. Em velocidade final, nosso jovem colega sabia que não conseguiria acompanhar o mais veloz carro de Enzo Ferrari. Mas nas retomadas de velocidade, a história seria outra... bem como nas curvas. Naquele momento, porém, nada disso interessava, pois o rapaz, tomado pela adrenalina e encorajado por sua companheira de viagem -- "Não o deixe escapar!" --, estava prestes a descobrir na real qualquer diferença de desempenho entre seu carro e o Ferrari acelerando à sua frente.

Pé ao fundo, o grave burburinho que se ouvia do motor de seu carro tornou-se mais sério e estridente, e logo nosso amigo alcançava o Ferrari. Mas aos poucos, progressivamente, este se afastava, para só ser novamente alcançado quando retido pelo tráfego. Prosseguiram assim por uns quase 100 quilômetros, mantendo uma média de velocidade acima dos 200. Numa dessas fortíssimas retomadas de velocidade, de repente, uma nuvem de fumaça branca apareceu atrás do Ferrari. O pára-brisa de nosso jovem amigo cobriu-se instantaneamente de óleo.

Por sorte, o sujeito do Ferrari foi hábil ao volante, imediatamente colocando o carro em ponto morto e rolando gradualmente até parar no acostamento. Nosso colega parou logo na frente, para oferecer ajuda. De dentro do Ferrari saiu um senhor visivelmente envergonhado. Falou, para diminuir a humilhação: "Você tem sorte. Se eu usasse mais 1.000 rpm que tinha de reserva, seu carro não ia dar nem pro cheiro!"

A fábrica dos pequenos Isettas, mesmo modelo que a Romi fabricaria no Brasil no final da década de 50

Calmamente, o jovem respondeu, com toda a educação: "Meu senhor, se tivesse feito isso, eu apenas teria que lhe dar uma carona mais cedo..."

O rapaz que dirigia o carro se chamava Piero Rivolta e tinha apenas 21 anos. A senhora a seu lado era Marion Rivolta, sua mãe. O pobre motorista do Ferrari havia topado com a família de Renzo Rivolta, numa de suas primeiras viagens com a mais nova criação do patriarca, o clássico Iso Rivolta IR 300.

Renzo Rivolta começou seu império industrial fabricando geladeiras com a marca Isothermos. Na década de 50 começou a fabricar motocicletas e motonetas, alcançando grande sucesso. As motos inicialmente chamavam-se Isomoto, mas logo, com o proliferar de modelos, criou-se a marca Iso e os modelos receberam nomes próprios. Paralelamente a estas atividades, Rivolta produzia triciclos de carga e até pequenos caminhões utilizando motores das motocicletas que fabricava. Continua

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