Primazia alemã

Rápido mas difícil de domar, o 2002 foi o primeiro turbo
europeu e um dos poucos BMW com esse recurso

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Fundada em 1916, a BMW -- sigla para Bayerische Motoren Werke, ou fábrica de motores bávara -- produzia motocicletas e motores aeronáuticos até 1929, quando passou a fabricar sob licença o pequeno Austin Seven inglês. Já em 1936 apresentava um modelo esportivo, o roadster 328, que deu início a uma tradição de alto desempenho e técnica apurada.

No final dos anos 50 a marca precisava de um modelo de porte médio, para uma classe intermediária entre a do diminuto Isetta (leia história) e a dos sedãs de luxo. A Europa se reerguia da Segunda Guerra Mundial e muitas famílias podiam comprar carros maiores, mais potentes e confortáveis. No Salão de Frankfurt de 1961 era apresentado o estudo para um sedã de três volumes e quatro portas, conhecido como New Class ou nova classe.

Primeiro BMW de porte médio, o 1500 de quatro portas era uma opção ideal entre o diminuto Isetta e os modelos de luxo. Já trazia comando no cabeçote, boa potência específica e suspensão traseira independente

A versão inicial a chegar ao mercado foi a 1500, com o primeiro quatro-cilindros da BMW desde os anos 30. Com 80 cv de potência e comando de válvulas no cabeçote, o motor de 1,5 litro levava o carro a 148 km/h. A suspensão já era independente nas quatro rodas. Foram vendidas 24.000 unidades, número que não foi maior pela limitada capacidade de produção da empresa. Dois anos depois aparecia a versão 1800, de 1,8 litro e 90 cv.

Também em 1963 começavam os estudos de um modelo mais esportivo baseado no 1500, com entreeixos encurtado em 5 cm, bitola traseira mais estreita e apenas duas portas. Wilhelm Hofmeister encarregou-se de reestilizar a carroceria para adequá-la ao novo formato, enquanto a mecânica seria aproveitada do quatro-portas. Como em 1964 um motor de 1,6 litro substituía o 1,5 anterior, criando o sedã 1600, foi escolhida para o novo carro a denominação 1600-2 -- sigla para a cilindrada do motor e as duas portas, mais tarde condensada para 1602.

Entreeixos mais curto, bitola traseira menor, duas portas, ótimo comportamento dinâmico: o 1600-2, depois renomeado 1602, impressionava os donos de alguns carros-esporte

Lançado em março de 1966, foi um sucesso imediato. Suas linhas eram agradáveis e elegantes, com a grade em forma de "duplo rim" entre os faróis circulares. Era um carro bem equilibrado nas curvas e estimulava um dirigir mais entusiasmado, chegando a impressionar donos de alguns carros-esporte. A carroceria mais leve o fazia tão rápido quanto o 1800 de quatro portas. Continua

Alpina, os preparados
Embora ainda não reconhecidos pela BMW, os "venenos" e acessórios da Alpina já existiam para a linha 02. Aliás, foi para o pioneiro 1500 que Burkhard Bovensiepen, fundador da empresa, desenvolveu sua primeira preparação de BMW, baseada no sistema de admissão e destinada aos donos insatisfeitos por terem seu carro superado pelo novo 1800.

A BMW avaliou os equipamentos e gostou, passando a prestar apoio técnico à preparadora e a manter a garantia dos motores por ela modificados. O 1500 Alpina andava tão bem quanto o 1800 original e apresentava grande qualidade. Quando criou o 1800ti, a BMW empregou elementos similares aos da Alpina.

Com a chegada do 1602 a empresa lançava motores completos com virabrequim balanceado, pistões e bielas mais leves, além de dois carburadores Solex PHH horizontais. O pacato 1,6 de 85 cv tornava-se um motor arisco de 105 cv. Já o 2002 Alpina (foto), mesmo aspirado, alcançava 165 cv -- quase tanto quanto o Turbo de fábrica, sem apresentar os problemas de turbo-lag e com menor consumo. Os itens da empresa logo passaram a ser vendidos em concessionárias BMW e, em 1978, surgia o primeiro carro completo da Alpina, o B6, baseado na primeira Série 3.

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