Avaliação Comparativa



Astra chama Escort para a briga

Competição entre os médios da Ford e da GM se acirra:
saiba em que cada um deles é o melhor


Texto e fotos: Fabrício Samahá



O duelo entre Ford e GM no segmento M1 (médios-pequenos) vem desde 1989, ano do lançamento do Kadett. Em 1992 o Escort foi remodelado e em 1996 ganhou nova motorização -- Ford Zetec, não mais Volkswagen AP. Com a recente chegada do Astra de segunda geração, o confronto assume novas proporções, que o Best Cars Web Site buscou dimensionar numa avaliação comparativa entre as versões de topo dos dois modelos.

Modernos faróis do Astra contrastam com a conservadora grade cromada do Escort


O Astra GLS custa a partir de R$ 22.750, e o Escort GLX (apenas em versão cinco-portas), R$ 24.600. A diferença se justifica por itens que o modelo da Ford traz de série, como ar-condicionado, computador de bordo, toca-fitas e controle elétrico dos retrovisores. Todos opcionais no carro da GM, que em contrapartida traz rodas de alumínio de série (opcionais no Escort), pedais desarmáveis em caso de colisão (exclusividade da marca comum ao Vectra) e a opção de teto solar elétrico, freios a disco traseiros e sistema antitravamento ABS, indisponíveis no concorrente.

O choque de gerações fica bem evidente nas linhas externas dos carros. Atestando a tendência de se reciclarem estilos, o Astra é mais retilíneo que o Escort, mas seu projeto moderno transparece na enorme distância entre eixos (2,614 metros, maior até que a do antigo Vectra; o Escort mede 2,525 metros) e acentuada inclinação do pára-brisa, cuja projeção no solo estaria à frente do eixo dianteiro. O GM inova também em detalhes como os faróis de superfície complexa -- segundo nacional a utilizá-los, depois do Ka --, duplo refletor e lentes de plástico policarbonato, além das lanternas traseiras transparentes de aparência singular. A linha de cintura alta, lembrando o Audi A3, e as formas mais duras dos pára-choques e laterais conferem-lhe grande sensação de robustez, em oposição ao estilo algo delicado do Ford. Este recebeu grade e moldura da placa traseira cromadas na linha '99, que aliadas às calotas criam um perfil conservador.

Formas retilíneas do GM comprovam que as tendências se reciclam; lanternas traseiras são transparentes


Ambos agradam bastante aos olhos e ao tato no acabamento interno. O Escort faz amplo uso dos motivos ovalados, característica da marca, como nas maçanetas, mostrador do computador de bordo e comandos dos vidros elétricos -- agora também para as portas traseiras. No Astra o belo painel, similar aos de modelos importados de nível superior, contrasta com difusores de ar e painéis de porta pouco inspirados, com puxadores e controles de vidros que lembram os Monzas de bom tempo atrás. O GM revela criatividade, porém, nos porta-copos integrados às bolsas das portas e no local para objetos à esquerda do volante.

Alturas de banco e volante são fixas no Escort, mas proporcionam boa posição de dirigir a motoristas de média estatura. Há ajuste de profundidade da coluna de direção, pouco útil, mas é o Astra que se destaca nesse aspecto: oferece a dupla regulagem do volante e a de altura do banco, adequando-se a qualquer tipo físico com grande conforto. A espuma dos assentos do GM é nitidamente mais firme, fator conveniente em viagens por apoiar melhor o corpo; deveriam, contudo, ser reguláveis os apoios de cabeça dianteiros.

Modelo da Ford é um dos mais antigos da categoria, mas reúne conforto e virtudes mecânicas


Comandos principais estão bem acessíveis em ambos, mas os dos vidros do Ford, montados no console, ficam mais protegidos de água e vibração. Nele há sistema um-toque para a descida do vidro do motorista; no concorrente, um-toque, antiesmagamento e temporizador para ambas as janelas. A GM realmente cativa com essa conveniência, mas não previu fechamento do teto solar pela fechadura externa ou pelo controle remoto do alarme -- apenas sobem os vidros. Também cabe aperfeiçoamento na chave, com botões duros e cuja borracha se rasga facilmente, como na unidade avaliada com 2.000 quilômetros.

O recém-chegado da GM impressiona pela solidez e sensação de resistência


Instrumentos se equivalem, mas no Escort falta o sexto dígito do hodômetro (zera aos 100 mil quilômetros) e o computador de bordo não indica consumo instantâneo. Os dois trazem faróis de neblina como opcional e luz traseira para o mesmo fim, só que o Astra perdeu aqui as repetidoras laterais de direção, obrigatórias na Europa. Em contrapartida tem ajuste elétrico da altura dos faróis, buzina dupla -- a do Ford lembra a de um sorveteiro... -- e abertura interna da portinhola do tanque. Seus retrovisores são enormes, mas o esquerdo utiliza lente plana: acaba oferecendo campo de visão menor que o do Escort, que traz ambos os espelhos convexos.

Sem opção de cinco portas, Astra fica em clara desvantagem quanto a
acesso traseiro, além de ter portas grandes e pesadas

O espaço traseiro do Astra é superior, no entanto o acesso a esse compartimento fica comprometido pela ausência de versão cinco-portas. A GM oferece o sedã quatro-portas, mas não o hatch com essa conveniência. Os assentos dianteiros deslocam-se quando o encosto é basculado e, por falta de memória mecânica da posição longitudinal, demandam nova regulagem a cada operação. No Escort tudo é mais cômodo e ainda há apoio de braço central, mas não cinto de três pontos retrátil para o quinto passageiro, nem ajuste de altura dos cintos externos e luzes de leitura traseiras. Porta-malas oferecem espaço similar, contando o Astra com melhor acabamento (o do Escort expõe fios e soquetes das lanternas).

continua



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