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AVALIAÇÃO COMPARATIVA

Confronto de personalidades

Alfa 156 e Passat Turbo interpretam com diferentes estilos o conceito de médio moderno, confortável e de alto desempenho

Texto e fotos: Fabrício Samahá

Um traz o sangue quente italiano, acabamento de madeira no volante e no painel, motor mais arisco e um ronco esportivo que até dispensaria sistema de áudio. O outro simboliza a solidez e qualidade germânicas, cativando pelo conforto, baixo nível de ruído e espaço abundante, com acabamento mais sóbrio. Apesar das diferentes personalidades, Alfa Romeo 156 2.0 Twin Spark e Volkswagen Passat 1.8 Turbo têm vários pontos em comum, como potência na faixa de 150 cv e preço similar, que os posicionam no mercado em categoria intermediária entre Vectra/Mondeo e os mais luxuosos Audi A4, Mercedes Classe C e BMW Série 3.

Ambos causam boa impressão, mas o desenho do 156 é mais inspirado com as
lanternas incrustadas e vincos nos pára-lamas

O Passat é bem maior entre eixos, 2,7 contra 2,59 metros, imposição do menor aproveitamento de espaço pelo motor longitudinal (transversal no 156). Examiná-los lado a lado evidencia o porte massudo e as linhas sólidas do VW, em oposição ao perfil ágil e compacto do Alfa. Em personalidade, porém, o mérito é todo do italiano: os vincos laterais, as maçanetas dianteiras clássicas e as traseiras embutidas no vértice da janela, a grade-escudo avançando no pára-choque e deslocando a placa para a esquerda, as lanternas incrustadas na traseira impressionam e fazem dele um sedã diferente de qualquer outro no mundo. Embora contemporâneo e dotado do melhor coeficiente aerodinâmico (Cx) da categoria, 0,27, o Passat lembra demais o Audi A6 -- o que não é um demérito -- na forma curva do teto e os VW de categoria inferior na aparência da frente.

O que ambos partilham: linha de cintura elevada, reduzindo a área de vidros (positivo para maior rigidez torcional e menor incidência de calor solar no interior); traseira alta e curta e ótimos faróis de duplo refletor com lentes de policarbonato. A tecnologia de superfície complexa foi utilizada em ambos os fachos do 156 e apenas nos altos -- que incorporam os de neblina -- do Passat. Rodas de alumínio de 15 pol equipam ambos, mas no Alfa o estepe utiliza aro de aço. Já o Passat impõe o incômodo de remover a antena de teto a cada parada, sob risco de furto da haste.

O VW é bem mais longo entre eixos em função do motor longitudinal; silhueta do
Alfa é mais agressiva e lembra um cupê, pois parece só ter maçanetas dianteiras

Aberta a porta, o Passat revela conveniência nas luzes que iluminam o piso externo e qualidade nas portas que se fecham facilmente sem bater. O acabamento dos bancos agrada nos dois, apesar do veludo verde de gosto discutível do 156 avaliado. O VW sai na frente pelos painéis de porta com menor uso de plástico, revestimento macio no painel e nos puxadores das portas, movimento suave da tampa do porta-luvas e das alças de teto escamoteáveis, e faixa degradê no pára-brisa. O Alfa contra-ataca com console central, aro do volante e pomo do câmbio revestidos em madeira, o que torna muito agradável o uso destes comandos, e painel de formas inspiradas que combinam nostalgia a modernidade.

Encontra-se boa posição de dirigir nos dois sedãs, com volante ajustável em altura e profundidade e banco firme, regulável em altura e apoio lombar. Ambos trazem o extintor de incêndio à frente do assento do motorista, mas a VW poderia melhorar sua posição, pois incomoda as pernas com alguma frequência. Seu retrovisor esquerdo tem dupla convexidade, ótimo no acesso a rodovias em ângulo, mas o direito deveria ser maior. O painel mais convencional do Passat transforma-se à noite, quando a luz azul dos instrumentos e vermelha dos ponteiros e comandos confere um ar sofisticado e atraente -- ao menos para a maioria.

Porta-malas com grande abertura em ambos, mas o do 156 perde em espaço;
Passat tem luzes sob as portas para iluminar o solo externo

No 156 o destaque vai para os instrumentos em módulos individuais, completados por três mostradores dirigidos ao motorista no alto do console central. Ponteiros voltados para baixo na posição de repouso remetem a esportivos do passado, mas a iluminação verde mostra-se insuficiente para clarear os dígitos com luz ambiente fraca, como ao entardecer, quando o fundo prata escurece. Um ponto a corrigir.

Ambos são espaçosos, mas o alemão mantém-se imbatível neste aspecto, como já ocorria desde a terceira geração lançada em 1988. Mesmo o quinto passageiro se acomoda bem, embora não disponha de encosto de cabeça e cinto de três pontos, que o italiano oferece como opcionais. Neste o assento traseiro baixo cria certo desconforto para as pernas e os cintos se travam com muita facilidade. Os porta-malas têm tampa de grande ângulo de abertura e dobradiças pantográficas externas, que dispensam a reserva de espaço para quando fechadas. O do Passat, contudo, é quase 100 litros maior (dados de fábrica), diferença importante.

Faróis mais modernos no Alfa, que utiliza superfície complexa também no facho baixo

Se é nos detalhes que se reconhece um bom automóvel, só o Passat oferece controles elétricos dos vidros com sistema antiesmagamento (mas ambos ficam devendo o temporizador), abertura interna da portinhola de abastecimento, pára-sol esquerdo com espelho, iluminação e tampa (só no direito do Alfa), porta-luvas climatizado, interruptor central de travamento das portas, banco traseiro rebatível e bipartido e apagamento gradual da luz interna. O espaço para objetos é maior e há quatro porta-copos embutidos, solução muito inteligente. Seu capô é sustentado por molas a gás, como o do concorrente, mas a lingueta de trava que sai pela grade facilita em muito a abertura.

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